Em uma reunião privada no Palácio do Planalto com representantes do recém-criado G20 Social — uma iniciativa do governo para ampliar as discussões do bloco —, Lula defendeu a necessidade de modernizar as regras da Organização das Nações Unidas (ONU), argumentando que elas já não refletem a atual conjuntura mundial.
“A partir desse G20, temos algumas tarefas pelas quais precisamos lutar. Por exemplo, por que estamos propondo a discussão sobre governança global? Porque é necessário reformar as regras que fundamentaram a criação da ONU”, disse o presidente, conforme relatado por O Globo.
Segundo Lula, a ONU, estabelecida por 56 países em sua fundação, hoje não consegue mais representar de forma eficaz os mais de 190 membros que compõem a entidade.
Ele criticou a “limitada representatividade” do Conselho de Segurança, formado por seis grandes potências — Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido —, ressaltando que essa estrutura gera decisões frequentemente ignoradas por essas mesmas nações.
O presidente trouxe exemplos de intervenções unilaterais que desconsideraram a autoridade da ONU, mencionando a invasão do Iraque pelos EUA, a incursão da Rússia na Ucrânia, a intervenção da OTAN na Líbia em 2011 e os recentes ataques de Israel na Faixa de Gaza em reação ao atentado de 7 de outubro de 2023.
“São os seis que participam do Conselho de Segurança da ONU. São os seis que são fabricantes de armas. São os seis entre os quais nascem as guerras. São os seis que não respeitam o Conselho de Segurança”, argumentou Lula.
Ele destacou que a inclusão de países como Brasil, Índia, Japão, Alemanha e nações africanas no Conselho seria essencial para promover um equilíbrio mais justo.
“O que nós queremos? Que a ONU mude. Que se tenha mais representação continental. Por exemplo, nós não temos nenhum país africano. Além da África do Sul, você tem a Alemanha que não tá. O Japão que não tá. A Índia que não tá. E você tem o Brasil que não tá. E o México que não tá. Você pode ter a Argentina, a Colômbia”.
Nesta edição do G20, o governo brasileiro escolheu três temas centrais: combate à pobreza e à fome, enfrentamento das “mudanças climáticas” com transição energética sustentável e a reforma de organismos multilaterais para uma nova governança global.
O trabalho do G20 Social complementa esses temas com propostas específicas, visando soluções práticas em cada área de atuação.