O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou na segunda-feira (10) o prolongamento da greve dos docentes e servidores da educação federal, que já dura mais de dois meses. Em discurso durante um evento em Brasília, Lula expressou preocupação com os impactos da paralisação nas universidades e com a resolução do impasse.
A greve dos docentes federais, iniciada em abril, reivindica melhores condições de trabalho, reajuste salarial e maior investimento nas universidades. O movimento ganhou força em diversas instituições federais de ensino superior, afetando milhares de alunos em todo o país.
“O dirigente sindical tem que ter coragem de propor, ele tem que ter coragem de negociar, mas ele tem que ter coragem de tomar decisões que muitas vezes não é o ‘tudo ou nada’ que ele apegou”, disse Lula.
“Eu fui dirigente sindical que eu nasci no ‘tudo ou nada’. Pra mim, era o seguinte: é 100% ou é nada, é 83% ou é nada, é 45% ou é nada. Muitas vezes, eu fiquei com nada”, pontuou. Para Lula, “não há muita razão para [a greve] estar durando o que está durando”.
Buscando uma solução para o impasse, o ministro da Educação, Camilo Santana, destacou a importância do diálogo com os servidores da educação. Em coletiva de imprensa, Santana afirmou que o governo está aberto a negociações e já estabeleceu diversas reuniões com representantes dos docentes para discutir as demandas da categoria.
“Eu acredito que greve é o limite onde não há mais condições de negociação. Então, eu não vejo, nem vi anteriormente ao início da greve, necessidade, porque esse é um [governo] de diálogo”, disse Camilo.
Na ocasião, o governo federal anunciou um direcionamento para o setor educacional, destinando R$5,5 bilhões para obras e novos campi universitários. Esse montante será utilizado na construção de novas instalações e na modernização da infraestrutura existente.
Além do investimento em infraestrutura, o governo também anunciou reajustes salariais para os professores federais, que variam de 13% a 31% até 2026. A medida busca atender às demandas da categoria por melhores condições salariais. Segundo o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, os reajustes serão implementados de forma escalonada ao longo dos próximos anos, beneficiando milhares de professores em todo o país.
O anúncio dos reajustes salariais e dos investimentos em infraestrutura foi recebido com cautela pelos representantes dos docentes, que consideram as medidas um avanço, mas ainda insuficientes para atender a todas as reivindicações.
Em comunicado, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) afirmou que continuará em estado de greve até que todas as demandas sejam atendidas. Grevistas também chamaram as medidas do governo de “teatro”.
“Nesse momento [o governo] é co-participante de uma farsa. O governo sabe, está ciente, de que o que ele está fazendo contra os IFES (Instituto Federal do Espírito Santo), às escondidas, é um teatro”, disse Diego Marques da UFBA.