O presidente da república, Lula da Silva, compareceu ontem à abertura do 26º encontro do Foro de São Paulo em Brasília. Em discurso, o petista pontuou que ser chamado de “comunista” seria motivo de orgulho, ao discorrer sobre críticas ao grupo reunido na capital.
“Eles nos tratam como se nós fôssemos terroristas. Eles nos acusam de comunistas, como se nós ficássemos ofendidos com isso. Nós ficaríamos ofendidos se nos chamasse de nazista, neofascista, de terrorista. Mas, de comunista, de socialista, nunca. Isso não nos ofende. Isso nos orgulha muitas vezes. E, muitas vezes, nós sabemos que merecemos isso”, disse Lula.
Na sequência da fala, o presidente pontua oposição histórica do Foro e outros grupos de matiz esquerdista à pauta da “família” e outras:
“É preciso a gente rediscutir o discurso da esquerda. É preciso que a gente repense o que a gente quer e o que a gente vai fazer para conquistar. Muitas vezes a direita, ela tem mais facilidade do que nós com o discurso fascista. Aqui no Brasil nós enfrentamos o discurso do costume, o discurso da família, o discurso do patriotismo, ou seja, aqui nós enfrentamos o discurso de tudo aquilo que a gente aprendeu historicamente a combater”.
Apoio a ditaduras
A fala vem em meio ao desconforto de aliados — e ataques de opositores — pelo reiterado apoio do núcleo governista a ditaduras no continente.
Na manhã da quinta-feira (29) em entrevista à Rádio Gaúcha, Lula disse que a “Venezuela tem mais eleições do que o Brasil”. O ditador Venezuelano foi recebido com honras de Estado no Brasil em 29 de maio. Pesam sobre eles acusações do Departamento de Justiça dos EUA por narcotráfico internacional e relatos de violações de direitos humanos em seu regime socialista.
Quando indagado sobre o estado das eleições no país vizinho, o presidente brasileiro respondeu: “deixa eu lhe falar uma coisa, o conceito de democracia é relativo para você e para mim”.
Rodrigo Lopes, entrevistador à ocasião, foi preso pelo regime de Maduro e teve seu celular e passaporte apreendido por agentes do Estado em 2019, sendo liberado sob ameaças.
O incômodo estende-se à postura branda ou favorável às ditaduras em Cuba e Nicarágua.
Foro de São Paulo
Lula fundou o Foro de São Paulo junto a Fidel Castro, falecido ditador de Cuba, em 1990. A organização congrega mais de 120 partidos políticos de esquerda da América Latina, agentes criminosos e movimentos sociais. O presidente brasileiro já creditou ao Foro parte do êxito de líderes socialistas na região.
Daniel Ortega, da Nicarágua, Maduro, na Venezuela — e seu falecido antecessor, Hugo Chávez —são membros históricos da organização.
Marcos Schotgues contribuiu para esta notícia.
Entre para nosso canal do Telegram
Assista também: