Por Marcos Schotgues
A China seguirá entre as opções para a licitação das redes 5G no Brasil segundo uma portaria publicada sexta-feira passada no Diário Oficial da União. De acordo com o documento, empresas chinesas como Huawei e ZTE estariam habilitadas a concorrer como fornecedores para a implantação de novas redes nacionais no certame previsto pela Anatel para o primeiro semestre de 2021.
O anúncio vem em meio a tensões diplomáticas ligadas à importação de insumos para vacinas contra o vírus do PCC e ocorre após seguidas desavenças nas relações sino-brasileiras ao longo dos últimos anos.
Comentando a respeito, especialistas citaram preocupações quanto à chamada “diplomacia das vacinas” e seu uso pelo Partido Comunista Chinês para influir em negociações.
Segundo uma reportagem do Epoch Times, o PCC estocou máscaras à época do início da pandemia, enquanto acobertava o vírus, utilizando-as após como instrumento para negociar com países como a Holanda e a França. Foi a chamada “Diplomacia das Máscaras”
Agora, conforme a vacinação é deflagrada mundo afora, o governo de Xi Jinping parece novamente valer-se da tática. Em meados de janeiro o Partido Comunista Chinês reteve a liberação de insumos para a produção de vacinas no Brasil, aprovando seu envio em 1º de fevereiro, após a portaria sobre o 5G.
A permissão para que fornecedores chineses concorram na licitação, após pronunciamentos do presidente apontando o contrário, pode ser entendida neste contexto.
Não trata-se de uma vitória pequena para o regime Chinês ou de mera oportunidade de lucrar. Muitos a entendem como a conquista de um objetivo estratégico. Do que trata-se a rede 5G e por que sua implantação, inclusive no Brasil, por companhias da China é meta tão procurada pelo PCC?
Segundo a lei chinesa, empresas locais têm de providenciar, se solicitado, qualquer dado exigido por seu governo. O estabelecimento de redes 5G por firmas da China no Brasil significaria que tais dados poderiam envolver conteúdo da internet brasileira.
Há precedentes para casos de espionagem. Em Papua-Nova Guiné, segundo um relatório comissionado pelo governo do país, um banco de dados construído pela Huawei possuía criptografias da década de 1990, falhas propositais em seus mecanismos de defesa e brechas na infraestrutura permitindo acesso externo sem detecção.
A Huawei é a principal frente do regime chinês para a promoção do 5G no mundo. Segundo a Comissão Federal de Comunicações dos EUA, a empresa é uma ameaça de segurança nacional com amplos laços militares. Reportagens afirmam que é subsidiada pelo Partido Comunista Chinês, vendendo com preços abaixo do mercado para monitorar dados internacionais.
A China articulou suas ações em meio à pandemia para exercer controle e impor-se perante diversos países. Segundo o comentarista Augusto Nunes, em uma perspectiva corroborada por outros especialistas, “o governo chinês sonha com a completa vassalagem do Brasil”.
Pode-se estimar que uma “diplomacia das máscaras” ou uma “diplomacia das vacinas” não mostrem-se duradouras, entretanto, a capacidade de controlar a informação em outros países, inclusive parceiros comerciais cruciais para a subsistência da China, como o Brasil, poderia ser fator definidor das relações internacionais em uma economia global edificada sobre a comunicação remota.
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