O empresário Marcelo Odebrecht desistiu de contar com a ex-presidente Dilma Rousseff como testemunha em sua defesa em um dos processos a que responde na Operação Lava Jato. O depoimento da petista estava agendado para a próxima sexta-feira (24), mas o juiz Sérgio Moro recebeu um comunicado dos advogados de Marcelo na sexta-feira passada sobre a desistência.
Não foram informados os motivos da decisão pela defesa do empreiteiro, que deve deixar a prisão no final deste ano por ter feito acordo de delação premiada. Trata-se já da 16ª testemunha que executivo desiste de chamar, de uma lista que inclui o ex-ministro Guido Mantega e a ex-presidente da Petrobras Graça Foster. O processo pede a cassação da chapa Dilma-Temer, eleita em 2014, por abuso de poder político e econômico.
A delação do ex-presidente da maior empreiteira do país ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no início deste mês teria revelado que 4/5 dos recursos destinados pela Odebrecht à campanha da chapa Dilma-Temer vieram de caixa 2. De acordo com os relatos, Dilma sabia da contribuição e dos pagamentos, que chegaram a R$ 150 milhões. Deste montante, R$ 50 milhões eram o pagamento pela Medida Provisória do Refis, de 2009, que beneficiou a Braskem, empresa da Odebrecht do ramo químico e petroquímico.
Para a Procuradoria da República, o ex-ministro Antonio Palocci teria atuado para favorecer a Odebrecht numa licitação em 2011 para a construção de seis sondas de exploração do pré-sal no valor de R$ 28 bilhões. A acusação integra a mesma ação.
Em outra ação, em maio, Marcelo Odebrecht também havia desistido de Dilma e Mantega em sua defesa, após tê-los convocado.