O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) entrou com uma ação judicial contra a União, solicitando uma indenização de R$ 80 mil por danos morais, alegando ter sido vítima de espionagem ilegal pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O suposto esquema, denominado “Abin paralela”, aconteceu durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e está sendo investigado pela Polícia Federal (PF).
Além da compensação financeira, Kataguiri exige acesso a todos os dados que foram coletados durante o período em que foi monitorado ilegalmente. As investigações da PF apontaram Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin e atual deputado federal (PL-RJ), como líder do esquema.
Segundo informações obtidas PF e divulgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Kataguiri foi citado em diálogos entre agentes públicos que buscavam encontrar “podres” sobre o deputado.
Em sua defesa, os advogados de Kataguiri afirmam que o fato “gera inegável dano moral o uso da estrutura de inteligência do Estado para captar ou forjar informações com o objetivo de denegrir a imagem do Autor. Cumpre lembrar que o Autor, como político, depende da sua imagem”.
Depoimentos e acusações
Recentemente, Ramagem foi interrogado na sede da PF no Rio de Janeiro. Conforme relatado pelo jornal O Globo, ele foi questionado por mais de cem vezes durante um depoimento que se estendeu por cerca de sete horas, negando qualquer envolvimento no esquema de espionagem.
O ex-chefe da Abin atribuiu a responsabilidade pela suposta espionagem ao agente Marcelo Araújo Bormevet e ao militar Giancarlo Gomes Rodrigues, ambos atuavam na Abin durante o governo Bolsonaro.
Gravação de reunião
Um elemento central da investigação é uma gravação em áudio que foi apreendida pela PF na casa de Ramagem.
A gravação, datada de 25 de agosto de 2020, revela uma reunião no Palácio do Planalto entre Ramagem, o então presidente Jair Bolsonaro e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.
O encontro incluiu a presença de duas advogadas de Flávio Bolsonaro. Durante a reunião, foram discutidas as acusações contra Flávio Bolsonaro relacionadas à suposta prática das “rachadinhas” em seu gabinete — um esquema de desvio de dinheiro dos salários de assessores.