Justiça manda prefeitura de SP mudar nome de ruas com homenagens a pessoas do regime militar

Avenida Castello Branco, Marginal Tietê, e 31 de Março estão entre os logradouros mencionados na ação civil pública. 

Por Redação Epoch Times Brasil
14/12/2024 14:05 Atualizado: 14/12/2024 14:05

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) mude, em caráter de urgência, o nome de ruas e praças que homenageiam pessoas ligadas ao período do regime militar, de 1964 a 1985. 

A decisão foi tomada na quinta-feira (12), em resposta a uma ação movida pela Defensoria Pública da União (DPU) e pelo Instituto Vladimir Herzog.

A Justiça estabeleceu um prazo de 60 dias para que a prefeitura apresente um cronograma para a alteração dos nomes, incluindo locais importantes da cidade, como a avenida Presidente Castelo Branco (Marginal Tietê), que homenageia o primeiro presidente do período militar.

Um logradouro com o nome referente ao dia em que ocorreu o evento de 1964, em resposta ao clamor da população brasileira, 31 de março, também consta na lista.

A medida, proferida pelo juiz Luis Manuel Fonseca Pires, da 3ª Vara de Fazenda Pública, é de primeira instância e liminar, portanto, de caráter provisório até uma decisão definitiva. A prefeitura ainda pode recorrer em segunda instância.

Até o final desta sexta-feira (13), o Executivo paulistano afirmou ainda não ter sido notificado: “Quando isso ocorrer, a Procuradoria Geral do Município (PGM) tomará as medidas que considerar cabíveis”, disse a prefeitura.

A decisão se baseia na Lei nº 15.717, de 2013, e no Programa Ruas de Memória, instituído em 2016, que visa renomear ruas e espaços públicos municipais ligados a pessoas ou datas associadas a supostas violações dos Direitos Humanos.

Algumas ruas já tiveram seus nomes modificados, como a rua DOPS Sérgio Fleury, que passou a se chamar rua Frei Tito.

“Ao se considerar que há mais de dez anos o Poder Público municipal é omisso quanto ao início de renomeação desses espaços públicos em cumprimento ao direito à memória política que se associa ao regime democrático e à dignidade da pessoa humana, justifica-se a tutela de urgência solicitada”, afirmou o juiz.

Mais de 38 logradouros da capital paulista levam o nome de pessoas ligadas ao regime militar.

Veja outros espaços mencionados na ação civil pública que deverão ter seus nomes modificados, além da Marginal Tietê/Avenida Presidente Castelo Branco e da Rua 31 de Março:

  • Crematório Dr. Jayme Augusto Lopes;
  • Centro Desportivo Caveirinha, por homenagear um general chefe do Centro de Informações do Exército (CIE);
  • Ponte Senador Romeu Tuma (Ponte das Bandeiras);
  • Rua Alberi Vieira dos Santos, colaborador do CIE;
  • Rua Dr. Mario Santalucia; médico-legista do período;
  • Praça Augusto Rademaker Grunewald. 
  • Avenida General Enio Pimentel da Silveira;
  • Rua Dr. Octávio Gonçalves Moreira Júnior.