Joinville (SC) recebe Wolbitos, mosquitos que combatem a dengue

Primeiros ovos já eclodiram; insetos devem ser soltos em breve para controle da doença

Por Redação Epoch Times Brasil
09/08/2024 17:45 Atualizado: 09/08/2024 17:45

A prefeitura de Joinville, em Santa Catarina, divulgou que os primeiros ovos dos mosquistos Wolbitos, que impedem a transmissão da dengue, eclodiram nesta quinta-feira (8) e já são larvas. A previsão é de que os insetos sejam soltos na segunda quinzena de agosto.

Os Wolbitos são os mosquitos Aedes aegypti modificados, infectados com uma bactéria chamada Wolbachia, que impede o contágio da dengue, Chikungunya e zika vírus.

Embora a Wolbachia esteja presente em cerca de 60% dos insetos na natureza, ela é ausente no Aedes aegypti e não oferece riscos aos seres humanos.  

“A grande sacada dessa tecnologia é que a Wolbachia passa de mãe para filhote. Então, todo filhote de uma fêmea de Aedes aegypti com Wolbachia também vai ter a bactéria”, explicou o líder de Relações Institucionais e Governamentais da organização mundial para combate da doença Wold Mosquito program (WMP), Diogo Chalegre.

De acordo com Chalegre, em até 20 semanas a população de novos mosquitos deverá se estabelecer em Joinville. “Com isso, nós esperamos reduzir os casos de dengue, Chikungunya e zika na área onde vamos liberar os mosquitos”, disse.

O trabalho é uma parceria da prefeitura com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro, o WMP, o governo de Santa Catarina e o Ministério da Saúde.

Neste primeiro semestre de 2024, a dengue já matou mais de 5 mil pessoas em todo o país, segundo os dados do Governo Federal. 

Mas Joinville não é a única cidade a apostar no método para combater doenças em meio ao drama do recorde histórico de casos.

Outras prefeituras estão desenvolvendo a técnica em cinco municípios de quatro estados::  Londrina e Foz do Iguaçu (PR), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP) e Natal (RN).  

Niterói comprova a eficácia

A cidade fluminense, localizada na região metropolitana do Rio de Janeiro, foi a primeira do Sudeste a receber o método.

Em novembro de 2022, os mosquitos Wolbitos foram liberados em comunidades com altos índices de casos de dengue. 

Semanalmente, durante 10 a 20 semanas, os insetos contaminados com a bactéria foram colocados no ambiente. Alguns meses depois, testes laboratoriais mostraram que 100% dos mosquitos Aedes aegypti na área tinham Wolbachia.

A redução de casos foi de aproximadamente 70% para dengue, 60% para Chikungunya e 40% para zika. Atualmente, Niterói se destaca por ter uma situação menos dramática com relação às doenças transmitidas por mosquitos, comparada a outros municípios do Brasil.

 O Método Wolbachia está presente em 20 cidades de 14 países. A técnica foi desenvolvida na Austrália e ficou conhecida no Brasil em 2011, quando o pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira, começou as discussões com o Ministério da Saúde para sua implementação no país.