A prefeitura de Joinville, em Santa Catarina, divulgou que os primeiros ovos dos mosquistos Wolbitos, que impedem a transmissão da dengue, eclodiram nesta quinta-feira (8) e já são larvas. A previsão é de que os insetos sejam soltos na segunda quinzena de agosto.
Os Wolbitos são os mosquitos Aedes aegypti modificados, infectados com uma bactéria chamada Wolbachia, que impede o contágio da dengue, Chikungunya e zika vírus.
Embora a Wolbachia esteja presente em cerca de 60% dos insetos na natureza, ela é ausente no Aedes aegypti e não oferece riscos aos seres humanos.
“A grande sacada dessa tecnologia é que a Wolbachia passa de mãe para filhote. Então, todo filhote de uma fêmea de Aedes aegypti com Wolbachia também vai ter a bactéria”, explicou o líder de Relações Institucionais e Governamentais da organização mundial para combate da doença Wold Mosquito program (WMP), Diogo Chalegre.
De acordo com Chalegre, em até 20 semanas a população de novos mosquitos deverá se estabelecer em Joinville. “Com isso, nós esperamos reduzir os casos de dengue, Chikungunya e zika na área onde vamos liberar os mosquitos”, disse.
O trabalho é uma parceria da prefeitura com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro, o WMP, o governo de Santa Catarina e o Ministério da Saúde.
Neste primeiro semestre de 2024, a dengue já matou mais de 5 mil pessoas em todo o país, segundo os dados do Governo Federal.
Mas Joinville não é a única cidade a apostar no método para combater doenças em meio ao drama do recorde histórico de casos.
Outras prefeituras estão desenvolvendo a técnica em cinco municípios de quatro estados:: Londrina e Foz do Iguaçu (PR), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP) e Natal (RN).
Niterói comprova a eficácia
A cidade fluminense, localizada na região metropolitana do Rio de Janeiro, foi a primeira do Sudeste a receber o método.
Em novembro de 2022, os mosquitos Wolbitos foram liberados em comunidades com altos índices de casos de dengue.
Semanalmente, durante 10 a 20 semanas, os insetos contaminados com a bactéria foram colocados no ambiente. Alguns meses depois, testes laboratoriais mostraram que 100% dos mosquitos Aedes aegypti na área tinham Wolbachia.
A redução de casos foi de aproximadamente 70% para dengue, 60% para Chikungunya e 40% para zika. Atualmente, Niterói se destaca por ter uma situação menos dramática com relação às doenças transmitidas por mosquitos, comparada a outros municípios do Brasil.
O Método Wolbachia está presente em 20 cidades de 14 países. A técnica foi desenvolvida na Austrália e ficou conhecida no Brasil em 2011, quando o pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira, começou as discussões com o Ministério da Saúde para sua implementação no país.