A demissão de Jean Paul Prates e as demais mudanças na gestão da Petrobras, anunciadas pelo governo Lula na última terça-feira (14), causaram uma reação pessimista às bolsas de valores no exterior. As ações da empresa no dia seguinte indicaram um cenário de queda livre na bolsa da Alemanha, chegando a -8,77%. Quanto à bolsa de Nova Iorque, a situação foi ainda pior: chegou a desabar a -9,05%. A tendência é a de que a resposta do mercado brasileiro nos próximos dias também seja a diminuição.
Além de Prates, foram demitidos o gerente executivo de Relações Institucionais, João Paulo Madruga, e o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Sergio Caetano Leite.
As mudanças na cúpula da estatal se devem a motivações políticas. Na noite de terça-feira, ocorreu uma reunião de 20 minutos entre o então chefe da estatal, o presidente da República, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), e o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD). O blogueiro bem próximo ao governo petista, Guilherme Amado, afirma que Lula teria “humilhado” Jean Paul Prates momentos antes de despedi-lo.
Segundo o blogueiro, Lula havia convocado Costa e Silveira poucas horas antes do encontro, cedendo a uma pressão que ambos exerciam há meses pela demissão de Prates. Na ocasião, o ainda presidente da Petrobras teria ficado espantado pela presença de seus dois algozes na reunião e pego de surpresa com a própria demissão – que já estava sacramentada há semanas.
Nova presidente será mais alinhada com Lula, diz especialista
Tudo indica que a futura nomeada para a chefia da Petrobras, Magda Chambriard, será mais obediente à política intervencionista do atual governo. A analista da XP Investimentos, Júnia Gama, comentou em teleconferência na manhã de quarta-feira, 15, que Chambriard aumentará a interlocução da empresa com o Governo Federal e principalmente com Lula.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tinha uma boa relação com o ex-presidente da petroleira e não queria a sua demissão. Diferentes interlocutores consideram a saída de Prates uma vitória política do ministro Alexandre Silveira. Completamente inesperada pelo mercado, a decisão de Lula acentua o clima de distanciamento entre o presidente da República e Haddad.