“Insolvência” — crise nos Correios atinge nível crítico com déficit de R$ 2 bilhões em 2024

Estatal adota medidas emergenciais para evitar colapso, incluindo suspensão de contratações e renegociação de contratos.

Por Redação Epoch Times Brasil
03/12/2024 10:57 Atualizado: 03/12/2024 10:57

A crise financeira que abate a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos alcançou níveis alarmantes em 2024. A estatal precisou adotar medidas emergenciais para evitar um colapso completo.

O resultado operacional entre janeiro e setembro de 2024 apresentou um déficit de R$ 2 bilhões. Esse valor se aproxima de superar o pior desempenho da história dos Correios, registrado em 2015, quando o prejuízo anual chegou a R$ 2,1 bilhões.

Esse desempenho negativo ocorre em um momento no qual a estatal tenta se reerguer, enfrentando severas restrições orçamentárias e dívidas acumuladas.

De acordo com o Poder360, em um documento sigiloso da Gerência de Orçamento, datado de 11 de outubro de 2024, a situação é descrita de maneira extremamente crítica sem conseguir manter um “patamar razoável de equilíbrio entre Receitas e Despesas”. O saldo em caixa reduziu cerca de R$ 1,81 bilhão desde o início do ano.

Estima-se que, ao final do exercício de 2024, as disponibilidades de caixa sejam 83% inferiores às registradas no começo do ano. Em resposta, a estatal estabeleceu um teto orçamentário de R$ 21,96 bilhões.

Esse teto inclui a suspensão temporária de contratações, renegociação de contratos e prorrogação de vigências apenas mediante economias concretizadas.

O impacto financeiro mais recente também inclui a desistência dos Correios em ações trabalhistas avaliadas em cerca de R$ 1 bilhão. Esse movimento gerou ainda mais pressão sobre o caixa da estatal.

Além disso, a empresa cita que a “taxa das blusinhas” — imposto sobre compras internacionais abaixo de 50 dólares — teve um impacto negativo de aproximadamente R$ 1 bilhão na receita anual. Esse imposto reduziu o número de encomendas provenientes do exterior.

A estimativa é que a receita projetada para 2024, inicialmente de R$ 22,7 bilhões, seja reduzida para R$ 20,1 bilhões. Já as despesas, após medidas administrativas, foram ajustadas para R$ 21,9 bilhões.

Isso representa uma economia de cerca de R$ 600 milhões em comparação a 2023.

A necessidade de contenção de despesas levou os Correios a decretar em outubro a suspensão de contratações terceirizadas por pelo menos 120 dias. Além disso, houve a renegociação dos contratos vigentes, buscando uma redução de pelo menos 10% nos valores bloqueados para os anos de 2024 e 2025.

A continuidade de contratos só será permitida se houver uma compensação financeira que permita à estatal manter o equilíbrio de caixa. Essas ações visam evitar o agravamento do risco de insolvência.

A insolvência significa que a empresa está em risco de não conseguir pagar suas dívidas e manter suas operações por falta de recursos financeiros suficientes, o que pode levar a um colapso financeiro e deverá ser recuperada com recursos do Tesouro.

A crise financeira da estatal também foi atribuída a um alegado sucateamento ocorrido durante o governo de Jair Bolsonaro, conforme argumentado pela atual gestão.

A Telebras, também retirada dos planos de privatização, enfrenta um quadro similar de endividamento. A empresa foi incluída em órgãos de proteção ao crédito, com dívidas que somam R$ 200,7 milhões.

Fabiano Silva dos Santos, advogado e presidente dos Correios, indicado pelo grupo Prerrogativas, é alvo de críticas. 

No acumulado deste ano até setembro, as estatais brasileiras registraram um déficit primário de R$ 7,4 bilhões. Esse é o maior déficit desde o início da série histórica em 2002, conforme dados do Ministério da Gestão e Inovação.

O Epoch Times Brasil entrou em contato com os Correios para comentar mas não obteve resposta até o momento da publicação deste artigo.