Inflação de julho atinge limite da meta e aumenta pressão sobre Banco Central

Por Matheus de Andrade
11/08/2024 22:36 Atualizado: 11/08/2024 22:36

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu o limite superior da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central, chegando a 4,50% no acumulado dos últimos 12 meses, de acordo com dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira (09). A meta oficial para o ano é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais, ou seja, entre 1,5% e 4,5%.

O aumento de 0,38% no IPCA de julho representou uma aceleração em relação aos meses anteriores, refletindo a pressão inflacionária que já vinha sendo sentida no mercado. O Banco Central já havia demonstrado preocupação com a inflação no limite superior da meta, destacando que isso pode exigir uma revisão na trajetória de manutenção da taxa Selic, atualmente em curso.

“O Comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado. Como usual, as estratégias adotadas pelo Comitê refletirão o compromisso com o cumprimento da meta de inflação”, ressaltou na 264a Ata do Comitê de Política Monetária – Copom.

Ainda assim, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou em uma entrevista coletiva que o governo já esperava uma alta na inflação devido a fatores sazonais e externos, mas pediu cautela na análise dos dados, afirmando que é necessário acompanhar a evolução da economia com tranquilidade antes de tomar qualquer decisão precipitada.

Detalhes do aumento dos preços

A alta do IPCA foi impulsionada principalmente pelo aumento nos preços do grupo Transportes, que registrou uma variação de 1,82% em julho. Dentro desse grupo, a gasolina se destacou com uma alta de 3,15%, contribuindo com 0,16% para o IPCA do mês. Outro item que pressionou a inflação foi a passagem aérea, que teve um aumento expressivo de 19,39%, sendo o maior impacto dentro do grupo de Transportes.

Além de Transportes, o grupo Habitação também apresentou uma alta significativa, de 0,77%, devido ao reajuste nas tarifas de energia elétrica residencial, que subiram 1,93%. Esse aumento foi influenciado pela entrada em vigor da bandeira tarifária amarela, que adiciona R$1,885 a cada 100 kWh consumidos. 

Em contrapartida, o grupo Alimentação e Bebidas apresentou uma queda de 1,00%, aliviando um pouco a pressão inflacionária. A alimentação no domicílio, em particular, caiu 1,51%, com destaques para a redução nos preços do tomate (-31,24%), cenoura (-27,43%) e cebola (-8,97%). Esses itens, que são sensíveis a variações sazonais, contribuíram para uma deflação dentro do grupo. No entanto, produtos como o café moído (3,27%), alho (2,97%) e pão francês (0,67%) registraram aumentos, o que impediu uma queda maior na alimentação.