A Sondagem Industrial de outubro divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na quinta-feira (21) revelou um forte crescimento na atividade industrial. Os indicadores de produção e emprego ficaram acima das expectativas para o mês.
Entretanto, as condições de crédito no mercado nacional, especialmente para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) e no segmento habitacional, apresentam sinais de alerta. Esses sinais podem impactar o crescimento do setor no curto prazo.
De acordo com a sondagem, o índice de produção industrial atingiu 53,7 pontos em outubro. Isso indica um aumento expressivo em relação ao mês anterior, ultrapassando a linha de 50 pontos, que marca a expansão da atividade.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) subiu para 74%, marcando o sétimo mês consecutivo acima da média histórica mensal. Apesar deste crescimento, o nível de estoques segue abaixo do planejado. Isso sugere uma necessidade constante de aumento na produção para recompor os estoques nos próximos meses.
O problema, porém, está na outra ponta do mercado: as condições de crédito.
A Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito (PTC) do Banco Central revelou que, embora a demanda por crédito permaneça robusta em todos os segmentos, há uma crescente restrição na oferta. Isso afeta especialmente grandes empresas e MPMEs.
A indisponibilidade de funding — que ocorre quando os bancos enfrentam dificuldade para captar recursos, principalmente através de instrumentos como a poupança — e o custo do crédito surgem como fatores preocupantes, particularmente nos segmentos habitacional e de microempresas. Esses segmentos devem enfrentar uma piora das condições no quarto trimestre de 2024.
Esse descompasso entre a demanda por crédito e as condições de oferta pode criar uma situação de risco para a indústria.
O crescimento da atividade e a necessidade de reposição de estoques dependem, em grande parte, de um fluxo de crédito adequado. No entanto, as restrições impostas pelos bancos, com maior aversão ao risco devido a situação econômica interna e um custo de funding elevado devido aos estímulos econômicos para incentivar o consumo e não a reserva monetária, podem limitar o acesso ao capital necessário para financiar esse crescimento.
Isso coloca em xeque a sustentabilidade da expansão industrial observada em outubro que ocorreu justamente devido ao aumento de crédito ao consumo.
Além disso, com os estoques em níveis abaixo do ideal e uma demanda potencialmente aumentada devido à flexibilização parcial do crédito ao consumo, há o risco de pressões inflacionárias.
A combinação de estoques baixos e maior disponibilidade de crédito ao consumidor pode elevar os preços, criando gargalos para a indústria.
As expectativas para os próximos meses são moderadas. Os índices de confiança mostram sinais de retração, mas ainda se mantêm em terreno positivo.