Com os protestos surgidos após as eleições presidenciais, centenas de indígenas se deslocaram até Brasília, somando-se aos que opõe o novo governo eleito. Entre estes, alguns se dizem beneficiados por políticas do último governo e afirmam que seus votos na disputa eleitoral de 2022 foram ilegais e erroneamente contabilizados em favor do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. O fato veio na contramão da narrativa de que nos últimos quatro anos minorias estariam unidas em consenso contra uma autoridade “opressora” e insensível aos seus apelos, quaisquer que fossem.
É o epítome de um fenômeno brasileiro pouco discutido: nem toda a comunidade dos povos originários apoia a gestão dos governos esquerdistas que recentemente administraram a nação. Apesar do suposto apoio progressista à sua causa, muitos indígenas alegam ter sofrido perseguição e cerceamento de liberdades sob as administrações petistas.
Para entender melhor esta perspectiva, o Epoch Times conversou com uma ativista indígena que, há anos, esteve ligada aos movimentos de povos originários contra o Partido dos Trabalhadores (PT). De origem do Xingu, ela preferiu permanecer anônima, temendo represálias. A ativista relata ter sido vítima de perseguição política e mesmo de atentados contra a sua própria vida.
A entrevista foi conduzida pela editora Danielle Dutra e foi separada em 3 partes.
Danielle Dutra: Muito obrigada por conversar comigo. Como você entrou no movimento indígena e por que luta por essa causa?
Indígena: Então, Danielle, eu não sou liderança indígena, mas eu criei alguns movimentos de defesa dos povos indígenas. Por volta de 2009, eu comecei no ativismo contra o PT e em 2011, quando o PT no governo Dilma desenterrou o projeto Caarapó, que hoje é a usina de Belo Monte. Foi um projeto da época do governo Médici e que foi engavetado pelo governo Médici justamente por ser inviável tanto na questão ambiental quanto na questão financeira.
Era um projeto muito caro e o Rio Xingu é um rio pequeno para um projeto daquele tamanho. Isso só iria prejudicar as comunidades indígenas que dependiam daquele local e também outras comunidades, da população local em geral.
E eu comecei a fazer denúncias sobre a construção da usina. Comecei a mobilizar as pessoas contra a usina, contra a construção de Belo Monte em defesa do Rio Xingu. E foi assim que nasceu o Movimento Frente de Ação Pro-Xingu.
É então assim, tem muitos anos que eu vivo na cidade. Eu fui muito perseguida politicamente por causa disso, por ser contra o PT, por denunciar as atrocidades do PT, principalmente com os povos indígenas.
Eu participei de outros movimentos indígenas, também em prol da luta pelos direitos indígenas. E como eu sou formada em Direito, eu sei que os direitos indígenas não se resumem apenas no artigo 231 e 232 da Constituição Federal brasileira. Vai muito além. Abrangem também o Código Civil. Abrangem o Estatuto do Índio em si. É o principal que ninguém fala.
Abrangem o direito à cidadania, o direito à dignidade, o direito à liberdade de expressão, o direito de ir e vir. E se você visitar algumas aldeias indígenas aqui em São Paulo, você verá que é uma situação assim, paupérrima. É muita gente. Muitos não-índios acreditam realmente que todo índio recebe um salário da Funai e não é isso.
Então, hoje eu faço parte do movimento Índios Patriotas, que são indígenas, que acordaram para a realidade, para os verdadeiros direitos indígenas.E que hoje estão na luta pelo Brasil contra o governo do PT. Sabem que os votos foram roubados. E não aceitam.
D.D.: Como foi a situação dos povos indígenas sob o governo Bolsonaro?
Indígena: Muitos índios ainda são manipulados pela esquerda. Logo que o Bolsonaro assumiu, a maioria dos índios entraram em desespero porque eles acreditavam fielmente que o Bolsonaro ia derrubar toda a floresta amazônica, ia matar todos os índios e isso colocou várias lideranças em desespero, porque membros da esquerda e dessas ONGs que recebem financiamento internacional ficavam dizendo para os índios que o Bolsonaro é militar do governo, que ia derrubar a Amazônia e matar todos os índios, e isso não aconteceu.
O Bolsonaro abriu as portas para os povos indígenas. Ele inclusive.. esqueci a palavra, desculpa… Anistiou, essa é a palavra! Ele anistiou muitas multas ambientais de comunidades indígenas, absolveu todas as multas que receberam por plantarem na própria terra, como foi o caso dos índios Parecis, no Mato Grosso. Eles têm o plantio deles de soja há 20 anos, e foram multados em mais de 1 milhão de reais por plantio em terras indevidas, em terras indígenas, [porque se diria] que a propriedade da terra é da União.
D. D.: Como a anistia das dívidas por parte do Bolsonaro beneficiou os índios?
Indígena: Então, assim, o Bolsonaro anistiou essa dívida e abriu portas para mais comunidades indígenas plantarem nas próprias terras e dessa forma, deu dignidade aos povos indígenas e vem trazendo dignidade aos povos indígenas que querem ter esse benefício e querem usufruir desse real direito.
A esquerda também fala para os índios, os esquerdistas, principalmente os “ongueiros”, eles falam para os índios que se o índio começar com essa cultura,com essa cultura agricultável de produzir na terra e de se tornarem agricultores, eles vão perder a sua cultura, vão perder a sua origem, vão perder sua língua, suas tradições.
Só que é o que eu venho observando dos índios que estão produzindo, aconteceu o contrário! Os índios que estão produzindo, eles fortalecem a sua cultura. Eles continuam falando as suas línguas, estão fazendo universidades com seu próprio recurso e geram renda nas aldeias. E não é porque o índio usa um iPhone, por exemplo, ou um tênis de marca, que ele é um desaculturado. Então, da mesma forma, não é porque ele planta em uma parcela da sua terra, na terra que é demarcada para a comunidade dele, que ele vai deixar de ser índio também, que a cultura vai ser perdida. Não perde! Eu conheço aldeias, comunidades indígenas que fortaleceram a cultura e resgataram até rituais antigos, como ritual de colheita, por causa do plantio na Terra.
Então, isso é uma grande falácia. Tudo manipulação para manter os índios como se fossem atração turística nativa para os estrangeiros virem de fora para o Brasil fazerem ecoturismo [e], por meio das ONGs estrangeiras, conhecerem os índios pelados, pintados com penas na cabeça e dançando algumas musiquinhas, como micos de circo, e voltarem para os seus países achando que vida de índio é assim.
D. D.: Você mencionou a questão do direito. Você entende que a legislação brasileira tem funcionado de forma desfavorável para os povos indígenas?
Indígena: Não agora no governo Bolsonaro. O Bolsonaro mudou um pouco essa história, apesar de toda a manipulação da esquerda em cima dos índios, que vem acontecendo principalmente na gestão PT.
E o PT, [assim] como nessa campanha de 2022, [já] prometeu várias maravilhas para os povos indígenas e não cumpriu. Fez o contrário, como foi no caso do decreto 7056 do Lula que deixou os índios totalmente desprotegidos, tirando as… como que eu vou dizer? Desculpa, as vezes me faltam as palavras… mas tirando a Guarda Municipal, tirando a Polícia Federal das áreas indígenas, proibindo a Polícia Federal de agir em áreas indígenas, proibindo até o Exército de entrar em comunidades indígenas.
Então, assim, os índios ficaram à mercê de garimpeiros ilegais, de madeireiros ilegais que sempre invadem as terras indígenas com muita violência.
E como as leis ambientais proíbem o índio de cultivar nas terras por ser área de preservação ambiental, então os índios ficavam naquela cultura primitiva da caça e da pesca. E nos dias atuais fica muito difícil uma comunidade indígena isolada sobreviver somente da caça e da pesca. Hoje, eles já têm Auxílio das Forças Armadas e de ONGs também para receber mantimentos, cestas básicas, essas coisas.
E mais uma. Não vejo isso como uma evolução. Porque na verdade, o que o governo do PT fez, foi dar uma esmola para os índios, para mostrar que é bonzinho, enquanto por trás, ONGs estrangeiras financiam para retirar minérios e riquezas de diversas das regiões indígenas, porque as terras indígenas são muito ricas.
Continua na parte 2
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