Impeachment contra prefeito de Porto Alegre feito pela Juventude do PT será votado em regime de urgência na Câmara Municipal

Sebastião Melo foi eleito em 2020 com 370.550 votos. Para ser cassado, basta maioria simples de 19 dos 36 vereadores.

Por Redação Epoch Times Brasil
27/05/2024 15:36 Atualizado: 27/05/2024 15:36

Um pedido de impeachment contra o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), deve ir à votação até quarta-feira (29) na Câmara de Vereadores da capital gaúcha – e em regime de urgência. O autor do texto é Brunno Mattos, integrante da Juventude do Partido dos Trabalhadores (PT) e membro da Uampa (União das Associações de Moradores de Porto Alegre). O anúncio foi feito pelo presidente da Casa, vereador Mauro Pinheiro, do Partido Progressista (PP).

A cassação do mandato de Melo tem como alegação uma suposta “negligência” por parte do gestor, diante das graves enchentes que atingiram a cidade. Dentre outras acusações, a Juventude do PT argumenta que houve inação frente aos avisos e necessidades de medidas reparatórias e preventivas. O petista reclama que faltou um alerta por parte do Departamento de Água e Esgoto Municipal, sobre a manutenção das casas de bombas.

A solicitação foi protocolada na última quinta-feira (23) na Câmara de Porto Alegre. Ao ser encaminhada para o presidente do Legislativo municipal, este considerou que o pedido cumpre os dois requisitos que, em tese, justificariam tamanha urgência: “pedido originado por cidadão porto-alegrense” e “fato determinado”.

Pinheiro era filiado ao Partido Liberal (PL), do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, mas migrou para o PP em abril deste ano. É a segunda vez que preside a Câmara da capital gaúcha: a primeira foi em 2015, quando sua legenda era o PT. Para ser aprovado o impeachment, é necessária uma maioria simples de 19 dos 36 parlamentares da Casa.

Eleição de Melo envolveu coalizão contra candidata comunista

Pré-candidato à reeleição à Prefeitura de Porto Alegre neste ano, Melo foi eleito no segundo turno, em 2020. Confiaram-lhe para os quatro anos de mandato 370.550 pessoas, o equivalente a 54,63% dos votos válidos. Teve como adversária a candidata da extrema-esquerda, Manuela D’Ávila, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Sua eleição é fruto de coalizão entre vários setores da sociedade, tendo como principal objetivo evitar a ascensão da comunista ao Executivo municipal. 

D’Ávila também foi candidata derrotada em 2018, só que à Vice-presidência da República, na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT) contra o então presidente eleito Jair Bolsonaro.

Prefeito contesta omissão alegada pela extrema-esquerda

Melo rebateu as críticas por parte da extrema-esquerda a respeito de uma suposta falta de ação diante da inundação. Entrevistado pela RBS TV na sexta-feira (24), o prefeito negou que a administração municipal tenha sido surpreendida pela chuva que alagou diversos pontos da cidade no dia anterior. No entanto, ele afirmou que o sistema meteorológico do Rio Grande do Sul tem “precariedades”. Sua queixa é contra a imprecisão com a qual as previsões são realizadas, tanto em relação aos milímetros das chuvas quanto sobre o tempo exato no qual elas ocorrerão.

O chefe do Executivo municipal também mencionou na entrevista a decisão tomada na sexta (24) pelo fechamento das comportas – sistema de contenção para regular escoamento das águas – para evitar que o rio Guaíba volte a fluir para a área urbana. Ele havia aberto três comportas no último domingo passado (19); e agora fez o processo inverso. Como as estruturas originais foram retiradas, o fechamento foi realizado com sacos de areia e cimento, chamados de “bags”. 

“Veja, como o rio baixou, foi acertadíssimo retirar as comportas para a água voltar. Neste momento, já fechamos o portão 13 com bag, que são esses sacos de areia com cimento, que têm, sim, proteção”, explicou Melo à RBS TV.

Sobre o impeachment, a equipe do prefeito não emitiu uma nota oficial sobre o caso e a assessoria enfatizou o compromisso dele em prestar assistência às famílias afetadas pelas recentes enchentes. Nas redes sociais, pessoas criticaram o oportunismo da esquerda e do PT ao tentar politizar a tragédia.