IBGE divulga Censo 2022: mais de 800 mil pessoas vivem em domicílios coletivos

Pela primeira vez, foram apresentados dados sobre diferentes tipos de moradia; presídios lideram a lista com quase 470 mil residentes, seguidos dos asilos com 161 mil brasileiros.

Por Redação Epoch Times Brasil
06/09/2024 21:33 Atualizado: 06/09/2024 21:33

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (6) dados do Censo 2022. Pela primeira vez na história, foi apresentado um levantamento sobre domicílios coletivos no Brasil, que incluem asilos, orfanatos, abrigos, pensões, clínicas e penitenciárias.

Mais de 800 mil pessoas vivem nessas condições, o que corresponde a 0,4% de toda a população, que foi estimada em 203,1 milhões pelo mesmo levantamento.

Os pesquisadores traçaram perfis dos moradores por idade, sexo e alfabetização.

Confira os dados por categoria:

Penitenciárias

O Censo 2022 revelou que os presídios abrigam 57,2% das pessoas que vivem em domicílios coletivos no Brasil, liderando o ranking com um total de 479 mil residentes. Isso representa 0,24% da população brasileira

Como a população carcerária é dinâmica, foi necessário adotar um padrão: foram contabilizadas apenas as pessoas que já tinham condenação ou que estavam em cárcere há pelo menos 12 meses.

Os homens representam a grande maioria dos detentos, totalizando 96% da população carcerária. Além disso, a pesquisa revelou que, na época da coleta dos dados, três em cada quatro detentos tinham entre 20 e 39 anos, isso significa 75,4% deles; 37% dos presos tinham entre 30 e 39 anos.  

Das 479 mil pessoas encarceradas, 52% estavam na Região Sudeste, 16,5% no Nordeste, 14,7% no Sul, 10% no Centro-Oeste e 6,8% no Norte.

A pesquisa mostrou que o Sudeste e o Centro-Oeste têm uma proporção de população carcerária maior do que suas participações na população total do país, que são 41,8% e 8%, respectivamente.

Asilos

A população vivendo em asilos ou outras instituições de longa permanência para idosos é a segunda maior entre os domicílios coletivos, totalizando 161 mil pessoas.  ou 0,1% da população brasileira.

Esse número corresponde a 19,2% dos moradores de domicílios coletivos e a 0,1% da população brasileira.

As mulheres são a maioria nos asilos, representando 59,8% dos residentes. A taxa de analfabetismo nessas instituições é de 31%, bem acima da média nacional de 7%, um fator atribuído à idade avançada dos moradores.

As Regiões Sul e Sudeste concentram 82,3% dos residentes em asilos no Brasil. Além disso, o Sudeste abriga 46,6% da população idosa do país.

“É de se esperar que você tenha mais moradores em asilo em regiões que são mais envelhecidas, que são justamente o Sul e o Sudeste”, disse o pesquisador do IBGE, Bruno Perez. 

Orfanatos e similares

O IBGE também informou que, em 2022, havia 14.374 pessoas vivendo em orfanatos e instituições similares. Esse número representa 0,03% da população brasileira de até 19 anos, que é de 54,5 milhões.

Clínicas psiquiátricas 

O Censo 2022 revelou que havia 24.287 pessoas vivendo em clínicas psiquiátricas ou comunidades terapêuticas. A maior parte dessa população é composta por homens com idades entre 30 e 59 anos. 

Abrigos

Na categoria de abrigos para a população em situação de rua, o Censo identificou 11.295 residentes, com metade deles no estado de São Paulo.

Além disso, quase um terço dos residentes de abrigos para grupos vulneráveis está em Roraima, um dos principais destinos dos venezuelanos que fogem do regime comunista do ditador Nicolás Maduro.

Unidades socioeducativas 

Foram identificados 7.514 residentes em unidades de internação socioeducativas para adolescentes infratores. Desses, 96,2% são homens.

Pensões e similares 

Também foram coletados os seguintes totais de residentes em diferentes tipos de acomodações: 46.269 em hotéis ou pensões, 30.090 em alojamentos, 24.110 em abrigos ou casas de passagem para grupos vulneráveis, e 11.295 em abrigos ou albergues para a população em situação de rua.

Domicílios improvisados

Outra categoria que chama a atenção é a dos domicílios improvisados, com 56,6 mil brasileiros vivendo em tendas e barracas, e 1,9 mil em veículos.

Perez destacou que a coleta de dados para pessoas sem moradia fixa é mais desafiadora devido à sua constante mudança de localização.