Ibama aplica multa milionária a JBS e outros frigoríficos por compra de gado ilegal na Amazônia

Produtores rurais também foram autuados durante a Operação Carne Fria 2

Por Redação Epoch Times Brasil
26/10/2024 19:59 Atualizado: 26/10/2024 19:59

A JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, juntamente com outros 22 frigoríficos, foi multada em R$ 364,5 milhões pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por comercializar carne de gado criado em áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia. A operação recebeu o nome de Carne Fria 2.

De acordo com o Ibama, foram identificadas 69 propriedades rurais que venderam 18 mil cabeças de gado para os frigoríficos, criadas em 26 mil hectares embargados nos estados do Pará e do Amazonas

As propriedades também foram autuadas por descumprirem o embargo, o que impediu a regeneração da mata nativa. 

A operação contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional. As ações ocorreram em duas cidades do Amazonas, Boca do Acre e Lábrea, além de doze municípios do Pará: Novo Progresso, Santarém, Altamira, São Félix do Xingu, Igarapé-Açú, Portel, Anapú, Pacajá, Novo Repartimento, Ipixuna, Tomé-Açú e Bom Jesus do Tocantins.

Entre as empresas multadas estão a Frizan, de Boca do Acre, e a 163 Beef, de Novo Progresso, ambas reincidentes no descumprimento das leis ambientais.

JBS nega infração

Em nota, a JBS negou ter adquirido gado das propriedades citadas pelo Ibama. A empresa, que já enfrentou escândalos de corrupção, resultando na prisão dos irmãos Batista no âmbito da Lava Jato, destacou que seu sistema de monitoramento geoespacial assegura que não compra animais provenientes de fazendas envolvidas em desmatamento ilegal.

“Nenhuma das compras da JBS indicadas pelo Ibama foi realizada em áreas embargadas”, afirmou a empresa.

Entretanto, em 2017, na primeira fase da Operação Carne Fraca, frigoríficos do grupo JBS também foram alvos. 

Em 2013, vários frigoríficos no Brasil assinaram um termo de compromisso com o Ministério Público (MP) assegurando que não comprariam gado de fazendas desmatadas de forma ilegal ou que estejam na lista de crimes ambientais. 

“Quem compra animais oriundos de áreas embargadas contribui para a destruição da floresta amazônica e a continuidade  do dano ambiental nas áreas desmatadas ilegalmente”, afirmou o Ibama em nota enviada ao jornal Folha de S.Paulo

A Operação Carne Fraca 2 resultou na emissão de 154 autos de infração. As informações do Ibama serão encaminhadas ao Ministério Público Federal (MPF), que poderá denunciar as empresas e seus responsáveis.