Homenagem a líder do MST provoca reação de parlamentares após invasões de terras no RS

Deputados criticam a concessão da Medalha do Mérito Farroupilha em meio a recentes invasões atribuídas ao movimento e questionam o uso de bens públicos nas ações.

Por Redação Epoch Times Brasil
10/12/2024 11:17 Atualizado: 10/12/2024 11:17

A homenagem ao líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, com a Medalha do Mérito Farroupilha — a maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul — tem gerado intensa controvérsia política e social no estado.

Prevista para ocorrer no dia 16 de dezembro, a solenidade foi proposta pelo deputado estadual Adão Pretto Filho (PT) e enfrenta forte oposição de parlamentares e segmentos da sociedade civil.

O deputado estadual Capitão Martim (Republicanos) apresentou um abaixo-assinado com 25 mil assinaturas pedindo a suspensão da homenagem a Stédile.

Martim também propôs alterações nos critérios para a concessão da Medalha do Mérito Farroupilha, sugerindo que o plenário delibere sobre futuras indicações, e não apenas a mesa diretora da Assembleia.

Entre os principais críticos da iniciativa está o deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), presidente da Frente Parlamentar Invasão Zero. Em suas declarações, Zucco expressou indignação e criticou duramente a concessão da medalha a Stédile.

“E aqui eu não falo somente do esbulho possessório. A CPI do MST, a qual eu tive a oportunidade de presidir, revelou uma série de crimes praticados pelo movimento, como depredação de patrimônio público e privado, porte ilegal de armas, trabalho análogo à escravidão, exploração de crianças e adolescentes, violência contra a mulher, cárcere privado, crime eleitoral, entre outras situações gravíssimas”, afirmou o parlamentar.

Recentemente, duas fazendas localizadas nos municípios de Pedras Altas e Hulha Negra foram invadidas, gerando reações imediatas.

“Hoje a tolerância para esse tipo de crime é zero no Rio Grande do Sul. Tanto é que poucas horas depois das fazendas serem invadidas, a Brigada Militar realizou a desocupação. Percebam o risco do PT voltar a governar o Estado pelas mãos de pessoas que nasceram dentro do MST. Não vamos aceitar um milímetro de retrocesso”, alertou Zucco.

O deputado referiu-se à possível candidatura de Edegar Pretto — irmão de Adão Pretto Filho — que tentou o governo em 2022 e a possível candidatura de Paulo Pimenta ao governo estadual em 2026.

O uso de bens públicos em apoio às invasões também está sob investigação.

Produtores rurais denunciaram o emprego de máquinas da prefeitura de Pedras Altas nas ações do MST. O episódio levou o secretário de Segurança Pública do estado, Sandro Caron, a determinar a abertura de um inquérito policial.

Zucco também se manifestou sobre o caso: “Se isso realmente for comprovado, estamos diante do uso de bens públicos para apoiar ações que ferem o direito de propriedade. No mínimo temos aí um caso de improbidade administrativa”, avaliou.

Enquanto isso, a Assembleia Legislativa também enfrenta pressões internas.

A decisão de homenagear Stédile também expõe a polarização em torno do MST.

Enquanto seus defensores destacam contribuições para a reforma agrária, produção sustentável e organização social, opositores apontam para o histórico de conflitos, invasões e violações de direitos humanos atribuídos ao movimento.