Na tarde de quarta-feira (16), a Grande São Paulo ainda tem aproximadamente 90,8 mil imóveis sem energia elétrica, de acordo com informações da concessionária Enel.
Os moradores já haviam ultrapassado a marca de 100 horas sem eletricidade, desde o início dos problemas causados pelo temporal da última sexta-feira (11), que resultou em cerca de 5,2 mil ocorrências de falta de luz.
“As equipes atuam, desde os primeiros momentos da tempestade de sexta-feira, no restabelecimento de energia para os clientes que tiveram o serviço afetado e para aqueles que ingressaram com chamados de falta de luz ao longo dos últimos dias”, afirmou a Enel.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), convocou uma reunião com prefeitos da Região Metropolitana. Durante coletiva de imprensa realizada na terça-feira (15), revelou que uma carta foi enviada ao ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Ribeiro Nardes — relator de dois processos contra a empresa sobre apagões.
No documento, Tarcísio e os prefeitos solicitaram intervenção federal no contrato de concessão da empresa.
“A intervenção é fundamental porque a empresa não está fazendo o que cabe porque não quer ter despesa com operações simples, essa é a realidade. Por que a empresa não fez o que deveria? Porque ela não queria gastar dinheiro”, interpretou o governador.
“Esse vira o papel do interventor, que pode determinar as despesas a serem feitas. Então a sugestão que a gente faz é urgente ou na próxima chuva a gente vai estar aqui passando pelo mesmo problema”, emendou.
Tarcísio argumentou que a intervenção poderia permitir que os governos municipais abrissem processos para extinguir o contrato com a Enel.
“A intervenção na empresa é necessária para que nós [governo e prefeituras] possamos abrir o processo de cada prefeitura para extinção do contrato com a empresa, que já se mostrou incapaz de prestar um serviço de qualidade no Estado de São Paulo”, disse.
Impactos da crise energética
Além dos problemas de energia, a situação tem gerado impacto econômico. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) estima que os prejuízos para os setores do varejo e de serviços já chegam a R$ 1,65 bilhão, considerando o faturamento que não foi registrado nos últimos dias.
O temporal também resultou em consequências trágicas, com a morte de sete pessoas, de acordo com a Defesa Civil. Quatro foram na Região Metropolitana e três em Bauru, no interior do estado.
A falta de eletricidade impactou o funcionamento de 150 escolas, sendo que 68 delas estavam sem luz.
A Prefeitura de São Paulo registrou 386 ocorrências relacionadas a quedas de árvores.