Governo Federal publica decreto que restringe atuação da polícia em abordagens e confrontos

Medida, publicada no Diário Oficial da União, restringe ação da polícia em abordagens e confrontos

Por Redação Epoch Times Brasil
25/12/2024 10:39 Atualizado: 25/12/2024 10:48

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta terça-feira (24), um decreto que regulamenta o uso da força pelos agentes de segurança pública. 

Publicado no Diário Oficial da União (DOU), o documento estabelece novas diretrizes para a atuação policial, impondo restrições à maneira como a polícia deve agir durante abordagens e confrontos. 

Principais diretrizes do decreto

As novas regras introduzem parâmetros claros sobre o uso da força policial:

  1. 1 – Uso proporcional da força:

    • A força deve ser empregada com “bom senso, prudência e equilíbrio”, sendo uma resposta apenas a ameaças reais ou potenciais.
    • O uso de armas de fogo só é permitido como último recurso, quando todas as outras alternativas se mostrarem insuficientes.
  2. 2 – Proibições específicas:

    • É vedado o uso de armas de fogo contra indivíduos desarmados em fuga que não representem risco imediato de morte ou lesão.
    • Disparos contra veículos que desrespeitem bloqueios policiais são proibidos, exceto em casos de ameaça iminente à vida.
  3. 3 – Treinamento obrigatório:

    • Os agentes de segurança devem participar de treinamentos anuais obrigatórios sobre o uso de armas de fogo e outros instrumentos de menor potencial ofensivo.
    • As instituições de segurança pública terão a responsabilidade de assegurar a capacitação contínua de seus profissionais, garantindo um uso adequado da força.
  4. 4 – Não discriminação:

    • As ações policiais devem ser livres de qualquer tipo de preconceito, incluindo discriminação com base em cor, raça, gênero, orientação sexual, religião, condição econômica ou opinião política.
  5. 5 – Mecanismos de fiscalização:

    • Sempre que o uso da força resultar em lesões ou mortes, os agentes devem elaborar relatórios detalhados.
    • A população terá acesso a canais de denúncia, garantindo maior transparência e eficácia no processamento de reclamações.

Monitoramento e criação de comitê

As normas não serão diretamente obrigatórias para as polícias, mas o repasse de recursos federais para ações que envolvam o uso da força policial dependerá do cumprimento das diretrizes estabelecidas pelo decreto.

Para garantir o cumprimento das diretrizes, será criado o Comitê Nacional de Monitoramento do Uso da Força (CNMUDF), responsável por:

  • Monitorar índices de letalidade policial e vitimização de agentes.
  • Propor indicadores e métricas para avaliar o uso da força.
  • Emitir relatórios e orientações sobre o cumprimento das normas.

Brasil entre os países mais violentos

Uma pesquisa recente do Instituto Ipsos, realizada em 29 países, colocou o Brasil entre as nações mais afetadas pela violência. 

O estudo revelou que 60% dos brasileiros já presenciaram ou ouviram relatos de tráfico de drogas nas proximidades de suas casas – um número alarmante quando comparado à média global. 

Além disso, mais da metade dos entrevistados afirmou ter sido vítima de assalto ou conhecer alguém que foi, um índice significativamente superior ao de países como a Colômbia, onde essa cifra é de 29%.