Governo Bolsonaro muda integrantes de comissão de mortos e desaparecidos

Mudança foi publicada na edição desta quinta-feira (1º) do Diário Oficial da União

01/08/2019 19:40 Atualizado: 01/08/2019 19:40

Por Tiago Vasconcelos, Diário do Poder

O presidente Jair Bolsonaro e a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, trocaram quatro dos sete integrantes da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, órgão do governo federal vinculado ao Ministério de Damares. A mudança foi publicada na edição desta quinta-feira (1º) do Diário Oficial da União.

De acordo com o decreto publicado nesta quinta, as mudanças feitas na composição da comissão são as seguintes:

– Marcos Vinicius Pereira de Carvalho assume a presidência no lugar de Eugênia Augusta Gonzaga Fávero

– Weslei Antônio Maretti substitui Rosa Maria Cardoso da Cunha

– Vital Lima Santos substitui João Batista da Silva Fagundes

– Filipe Barros de Toledo Ribeiro substitui Paulo Roberto Severo Pimenta

A troca ocorre uma semana após a comissão emitir documento reconhecendo que a morte de Fernando Santa Cruz, pai de Felipe Santa Cruz, presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, ocorreu “em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado Brasileiro”.

Na última segunda-feira, Bolsonaro disse que “poderia explicar” a Felipe Santa Cruz como o pai dele desapareceu durante a ditadura militar. A então presidente da comissão, Eugênia Augusta Gonzaga, que foi substituída hoje, criticou a fala de Bolsonaro: “É muito grave essa declaração. Ele [Bolsonaro] está transformando um dever oficial, que é dar informações aos familiares, que ele já deveria ter cumprido, em uso político contra um crítico do seu governo”.

Horas depois de dar a declaração, Bolsonaro disse que não foram militares que mataram Santa Cruz. O presidente insinuou que ele teria sido assassinato por companheiros, argumentando que havia “justiçamento” dentro da própria esquerda, durante o período militar.

Ontem (31), Bolsonaro disse que não quebrou o decoro ao dizer que poderia explicar ao presidente da OAB como o pai dele desapareceu durante a ditadura (1964-1985).

“Muita coisa aconteceu, lamentamos muita coisa. Mas não pode valer um lado só da história. E como eu sempre disse: Alguém acredita que o PT está preocupado com a verdade? Tá de brincadeira.”

“Quando aquelas caras criaram a Comissão da Verdade, eles deram gargalhadas. Vocês da imprensa sabem o que é informação, contrainformação e contra contrainformação. É muito simples”, afirmou o presidente.

Criada no governo Dilma, a chamada “Comissão Nacional da Verdade” teve por finalidade apurar graves violações contra os direitos humanos de setembro de 1946 a outubro de 1988. Ela foi concluída em dezembro de 2014.

Seus integrantes foram advogados, especialistas em direitos humanos, um ex-procurador geral da República e um ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Foram ouvidos vários militares que atuaram na repressão às organizações de esquerda durante a ditadura militar (1964-1985).

Com informações da FolhaPress