O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, qualificou o incidente ocorrido na noite de quarta-feira (13) nas proximidades da Praça dos Três Poderes como um ataque direto às instituições.
Durante uma sessão plenária nesta quinta-feira (14), Mendes comentou sobre a morte de Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, que tirou a própria vida após disparar explosivos perto da estátua da Justiça. Segundo o ministro, o homem “atacava o Supremo e difundia teorias da conspiração.”
Mendes responsabilizou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro por fomentar o que ele denominou “fanatismo político”.
“O ocorrido na noite de ontem não é um fato isolado. A ideologia rasteira que incentivou a tentativa de golpe de Estado não surgiu subitamente. Pelo contrário, o discurso de ódio, o fanatismo político e a indústria de desinformação foram largamente estimulados no governo anterior”, afirmou o magistrado.
Gilmar Mendes declarou que, com o término das eleições e o início do governo Bolsonaro em 2019, a estratégia, que, segundo o ministro, fazia uso de “fake news” e “discurso de ódio”, impactou não só a comunicação oficial do Palácio do Planalto, mas também o discurso de seus apoiadores.
Mendes alegou que essa abordagem resultou na radicalização do debate político, marcada pela “criminalização da oposição, pelo desrespeito às autoridades e por ataques constantes às instituições”.
“Não foram raras as manifestações públicas organizadas ou fomentadas pelos apoiadores do ex-presidente da República para o questionamento da confiabilidade das urnas eletrônicas e da Justiça Eleitoral, um movimento que escalonou progressivamente conforme as pesquisas de opinião apontavam chances concretas de vitória eleitoral do candidato de oposição”, completou.