Gastos do Judiciário brasileiro batem recorde, alcançando R$132,8 bilhões

Gastos do Judiciário têm alta recorde ao mesmo tempo em que os salários são reajustados e novos benefícios são criados.

Por Matheus de Andrade
28/05/2024 14:16 Atualizado: 28/05/2024 14:16

Em 2023, as despesas do Judiciário brasileiro atingiram um recorde histórico de R$132,8 bilhões, conforme dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no relatório “Justiça em Números 2024” nesta terça-feira (28). O relatório de 448 páginas destaca um aumento significativo nos gastos em comparação com anos anteriores.

 (Imagem: Justiça em números 2024)

O levantamento do CNJ revela que o aumento das despesas está ligado, principalmente, ao crescimento dos gastos com pessoal, que representam cerca de 90% do orçamento total do Judiciário. Entre os fatores que contribuíram para este aumento, estão os reajustes salariais e benefícios concedidos a juízes e servidores, além do aumento no número de magistrados e servidores ativos.

De acordo com o relatório, os gastos com pessoal, incluindo salários e benefícios dos servidores, somaram R$104,7 bilhões, representando a maior parte das despesas. Além disso, os investimentos em infraestrutura tecnológica e manutenção de instalações totalizaram R$28,1 bilhões. Este aumento é atribuído a reajustes salariais e à modernização dos sistemas judiciais​​.

A Justiça Estadual foi a responsável pela maior parte das despesas, somando R$77,9 bilhões, seguida pela Justiça do Trabalho, com R$23,3 bilhões, e pela Justiça Federal, com R$17,6 bilhões. As despesas da Justiça Eleitoral e da Justiça Militar também contribuíram para o total, com R$6,2 bilhões e R$1,8 bilhão, respectivamente.

O custo per capita do serviço de Justiça subiu para R$540,06, um aumento de 4,8% em relação ao ano anterior. Este valor representa 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, mantendo-se constante nos últimos anos. Em termos de despesas totais, 90,2% foram direcionadas a pessoal, enquanto 9,8% cobriram outras despesas operacionais, incluindo investimentos em informática, que somaram R$3,6 bilhões​​.

Apesar do aumento nos gastos, o Judiciário brasileiro também apresentou uma significativa contribuição para os cofres públicos. Em 2023, a arrecadação oriunda das atividades jurisdicionais atingiu R$68,74 bilhões, representando 52% das despesas totais. Os principais componentes dessa arrecadação foram a execução fiscal, que gerou R$26,2 bilhões, e o recolhimento de custas judiciais e taxas, que somaram R$23,7 bilhões​​.

 Infográfico sobre detalhes dos das despesas e arrecadações do Judiciário (Imagem do relatório “Justiça em números 2024”)

 

O relatório também detalha a distribuição dos gastos entre os diferentes segmentos do Judiciário. A Justiça Estadual, responsável por 77% dos processos em tramitação, foi a que mais gastou, com 61% das despesas totais. A Justiça Federal, que representa 15% dos processos, respondeu por 11% dos gastos, enquanto a Justiça do Trabalho, com 6,4% dos processos, representou 19% das despesas​​.

Em termos de produtividade, o relatório destaca um aumento no número de processos julgados e baixados. Em 2023, foram julgados 33,2 milhões de processos, o maior volume da série histórica, representando um aumento de 11,3% em relação a 2022. Foram baixados 35 milhões de processos, enquanto 1,7 milhão de processos foram reativados para análise judicial​​.