Esta terça-feira (7) será um dia decisivo para o presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na Casa. O debate e a votação do parecer do relator, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relativos ao processo de perda de mandato contra Cunha, está definido para às 9h30, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
Eduardo Cunha é acusado de não ter dito a verdade na CPI da Petrobras ao declarar que não possuía contas bancárias na Suíça. As despesas com cartão de crédito da esposa e da filha de Cunha foram mencionadas no relatório de Marcos Rogério como comprovação de que o parlamentar extraviou fundos provenientes de corrupção. “Os valores (gastos em cartão de crédito) são completamente incompatíveis com o rendimento do deputado e familiares”, declarou e criticou novamente a utilização de coligações pelo deputado.
“Trustes instituídos por Cunha representam, na verdade, instrumentos para tornar viável a prática de fraudes: uma escancarada tentativa de dissimular a existência de bens, sendo isso tudo feito de modo a criar uma blindagem jurídica para esconder os frutos do recebimento de propinas cujos valores foram relatados por testemunhas e lastreiam a denúncia já recebida do Supremo, também confirmados perante este conselho.”
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A contagem dos votos
Já anunciam ser favoráveis ao processo contra Cunha, nesta votação, fora o relator do caso Marcos Rogério, os deputados Júlio Delgado (PSB-MG), Léo de Brito (PT-AC), Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS), Paulo Azi (DEM-BA), Sandro Alex (PSD-PR), Zé Geraldo (PT-PA) e Rossoni (PSDB-PR), que não exerce o mandato atualmente.
Todos os deputados permanecem nas vagas, à exceção de Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) que igualmente se assumiu a favor do processo e terminou sendo trocado pelo partido, que requereu a vaga preenchida atualmente por Jozi Araújo (PTB-AP). Araújo trabalha no conselho como suplente de Mauro Lopes (PMDB-MG), que tem se ausentado das reuniões.
Fausto Pinato (PRB-SP), também um defensor das investigações, foi trocado pelo partido por Tia Eron (BA). Parlamentares contrários a Cunha reagiram à substituição. A parlamentar, que até elogiou o trabalho de Cunha no Legislativo, afirmou não ter ainda uma inclinação definida quanto ao caso. Atualmente, Tia Eron aparenta ser o “Voto de Minerva” para o futuro de Cunha, que retém, ao seu lado, dez votos favoráveis, de acordo com assessores e integrantes do Conselho de Ética.
Caso o voto da deputada seja favorável à cassação, o placar atual de 10 a 10 pode ser desempatado pelo presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA). Por outro lado, Tia Eron pode também pesar a balança a favor de Cunha, totalizando 11 votos a seu favor.