Uma charge de Jean Galvão sobre a tragédia climática no Rio Grande do Sul gerou revolta nas redes sociais. A ilustração, publicada no jornal Folha de São Paulo no domingo (5), mostra uma família ilhada em cima do teto de uma casa, cercada pela água. Uma das crianças tenta consolar a outra, dizendo: “Não chora, vai alagar ainda mais”.
A imagem provocou uma forte reação negativa, gerando mais de 36 mil comentários no perfil de Galvão no Instagram, muitos deles pedindo que a conta fosse denunciada. No X, antigo Twitter, o jornal tornou-se um dos tópicos mais discutidos, alcançando os Trending Topics da plataforma.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) compartilhou a charge em suas redes sociais, acompanhada da seguinte legenda: “O jornalismo brasileiro sempre mostrando que eles podem, sim, superar o próprio mau-caratismo”.
Em dados divulgados nesta segunda-feira (6), a Defesa Civil relata que o número de mortos em decorrência dos temporais no Rio Grande do Sul subiu para 83. Além disso, 4 mortes estão sob investigação, enquanto 111 pessoas permanecem desaparecidas e 276 ficaram feridas.
De acordo com o levantamento, 141,3 mil indivíduos foram obrigados a abandonar suas residências, sendo que 19,3 mil encontram-se em abrigos, enquanto 121,9 mil estão desalojados. A tragédia sem precedentes no estado atingiu 345 municípios, afetando um total de 850 mil pessoas.
As companhias aéreas Azul, Gol e Latam suspenderam os voos com decolagens e pousos no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, devido às intensas chuvas que afetam a região.
Parte das instalações do aeroporto da capital gaúcha está inundada, resultando na interrupção de suas operações até sexta-feira. Consequentemente, os voos permanecerão suspensos até o dia 10 de maio, quando uma nova avaliação será realizada para determinar a retomada das atividades no local.
Os relatos dos moradores que enfrentaram as enchentes comoveram os internautas nas redes sociais. Hebert Poersch compartilhou à imprensa sua experiência de ficar ilhado com a família, destacando um momento extremamente angustiante: quando um jet-ski apareceu, forçando-o a enfrentar a decisão mais dolorosa de todas – qual dos filhos salvar primeiro. Ele descreveu esse momento como “o pior da minha vida”.
O casal optou por salvar primeiro o filho de 12 anos, devido à sua maior independência. O sobrevivente seria deixado em uma área seca de Canoas e teria que percorrer o caminho até onde a tia o aguardava, embora ela estivesse tão incerta quanto eles sobre quando algum familiar apareceria, ou se alguém apareceria. Somente após 3 horas de espera, o casal e o filho mais novo, de 8 anos, conseguiram ser resgatados.
Embora tenham surgido diversas críticas em relação à charge de Jean Galvão, até o momento do fechamento desta matéria, a Folha de São Paulo ainda não se pronunciou sobre o assunto.