Fenômenos naturais causaram as catástrofes no Rio Grande do Sul, afirma INPE

Combinação de maior aquecimento do mar e jatos de ventos do Norte até o Sul colaboraram para os níveis anormais de chuva na região.

Por Redação Epoch Times Brasil
08/07/2024 14:47 Atualizado: 08/07/2024 14:47

A Divisão de Previsão de Tempo e Clima da Coordenação-Geral de Ciências da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) publicou um relatório na quarta-feira (3), explicando os motivos climáticos para as tragédias no RS.

As chuvas intensas e contínuas causaram destruição massiva, afetando 478 dos 497 municípios do estado, desalojando mais de 500.000 pessoas e resultando em cerca de 200 mortes.

As precipitações acumuladas durante o evento superaram 600 mm em alguns locais, com áreas extensas registrando mais de 400 mm em apenas três dias. Este cenário catastrófico foi descrito como resultado de uma combinação de sistemas meteorológicos em diferentes escalas, conforme detalhado pelo INPE.

Causas meteorológicas

O relatório demonstra que o fenômeno El Niño desempenhou um papel crucial, contribuindo para o aquecimento do oceano e aumentando o conteúdo de umidade nas nuvens, o que geralmente favorece episódios de precipitações acima da média no sul do Brasil. 

Uma alta pressão atmosférica nas latitudes médias que prendeu as nuvens no Oceano Pacífico colaborou para a formação de nuvens extremamente pesadas. Durante o período de chuvas intensas, jatos de ventos transportam o ar quente e úmido da região amazônica para o estado.

A interação de frentes frias com essa massa de ar mais quente e úmido resultou em episódios de tempestades severas, incluindo vendavais, tornados e queda de granizo.

A Região Hidrográfica do Guaíba, que abriga cerca de 61% da população do estado, foi particularmente afetada, registrando os maiores volumes de chuva durante o período. As bacias do Alto Jacuí, Vacacaí/Vacacaí-Mirim, Pardo, Taquari/Antas, Baixo Jacuí, Caí, Sinos, Gravataí e Guaíba compõem esta região.

Para entender os efeitos do fenômeno El Niño sobre o Rio Grande do Sul, o INPE utilizou o Índice de Precipitação Padronizado (SPI), que indicou condições de excesso de chuva significativas na região. “O fenômeno El Niño 2023/2024 começou a impactar o Brasil em meados de 2023, intensificando-se na primavera e no verão, e trouxe impactos climáticos significativos, com consequências variadas nas diferentes regiões do país,” explicou o relatório.

Passo Fundo, por exemplo, registrou 2840 mm de chuva ao longo de 2023, bem acima da média histórica anual de 1918 mm.

Embora o El Niño 2023/2024 tenha sido classificado como de intensidade moderada a forte, seus impactos foram significativos devido à sua duração e à amplitude das anomalias climáticas provocadas. Este evento foi um dos principais responsáveis pelas precipitações excepcionais que culminaram no maior desastre enfrentado pelo estado do Rio Grande do Sul e um dos maiores já observados no Brasil.