Expectativa de geração de empregos é negativa, mostra FGV

Indicador mostra sinais mistos de desaceleração na criação de postos de trabalho.

Por Redação Epoch Times Brasil
05/11/2024 16:51 Atualizado: 05/11/2024 16:51

Apesar dos antecedentes de empregos para o curto prazo ainda permanecerem estáveis, um relatório do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) publicado na segunda-feira (4), revelou que a expectativa para a geração de empregos no Brasil tem uma perspectiva negativa para os próximos meses.

O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), que é utilizado para prever os rumos do mercado de trabalho, permaneceu estável em outubro de 2024, registrando 81,7 pontos.

Este valor reflete um ritmo de desaceleração da economia, influenciado principalmente pela retomada do ciclo de alta dos juros e pela perda de dinamismo no crescimento econômico.

Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE, destacou que a estabilidade do indicador em outubro “sugere um ritmo mais lento para o mercado de trabalho na virada para 2025”.

Embora o acumulado do ano ainda se mantenha positivo, com uma alta de 4,4 pontos em relação ao final de 2023, os últimos dois meses apontam para um esfriamento considerável.

“A desaceleração econômica e a retomada do ciclo de alta de juros são fatores que impactam negativamente a evolução do indicador.

Os próximos resultados serão importantes para confirmar se está ocorrendo uma reversão da tendência ou apenas uma acomodação do IAEmp”, avaliou Tobler.

Análise dos componentes do indicador

O IAEmp é composto por diversos indicadores que antecipam as tendências do mercado de trabalho ao combinar dados das sondagens da indústria, serviços e do consumidor.

Por um lado, quatro componentes contribuíram positivamente para o IAEmp.

Destaque para os indicadores de Tendência dos Negócios e Emprego Previsto de Serviços, que tiveram contribuições de 0,6 e 0,5 ponto, respectivamente.

Esses resultados indicam uma expectativa ligeiramente melhor para o setor de serviços, sugerindo que ainda há confiança em uma possível recuperação das contratações nesse setor.

Além disso, a Situação Atual dos Negócios também teve uma leve contribuição positiva de 0,2 ponto, contribuindo para evitar uma queda mais acentuada do indicador.

Por outro lado, três componentes apresentaram contribuições negativas significativas.

O destaque negativo ficou com o indicador de Tendência dos Negócios da Indústria, que recuou 0,8 ponto, e com o Emprego Previsto na indústria, que teve uma queda de 0,5 ponto.

Esses números demonstram que o setor industrial está especialmente fragilizado, com expectativas pouco animadoras em termos de geração de vagas.

A Sondagem do Consumidor também apresentou uma leve contribuição negativa para o emprego futuro (-0,1), apontando um cenário de incerteza entre os próprios trabalhadores e consumidores sobre o desempenho do mercado de trabalho.

Impactos e perspectivas

A análise dos resultados do IAEmp indica uma possível reversão na tendência positiva observada no início do ano.

Os fatores macroeconômicos, como a desaceleração da atividade econômica e o aumento das taxas de juros, tendem a impactar diretamente a capacidade de crescimento do mercado de trabalho.

No entanto, a estabilidade do IAEmp também indica que o mercado de trabalho ainda não entrou em colapso, mas que enfrenta uma fase de acomodação.

Os dados divulgados pelo FGV IBRE mostram que, apesar de ainda haver esperança para uma retomada do emprego, as expectativas gerais para o futuro não são otimistas.