Expansão de investimento chinês no Brasil levanta preocupação sobre direitos humanos

O crescente interesse em investimentos chineses no Brasil poderá revelar as indesejáveis consequências de manter um grande violador de direitos humanos como nosso maior parceiro comercial

28/01/2019 10:31 Atualizado: 15/06/2019 00:42

Por Marina Dalila, Epoch Times

A China não faz segredo sobre seu interesse em se tornar a superpotência número um do mundo. O regime chinês está aumentando seu desejo de dominar o mundo de todas as maneiras possíveis, algumas óbvias e outras muito mais disfarçadas. A crescente aproximação da China no intuito de expandir as relações entre os dois países tem gerado preocupações com relação aos direitos humanos no Brasil.

Uma comitiva de parlamentares do PSL que visitou a China entre os dias 15 e 24 de janeiro incluiu os deputados federais eleitos Carla Zambelli, Daniel Silveira, Tio Trutis, Felício Laterça, Charlles Evangelista, Marcelo Freitas, Bibo Nunes, Sargento Gurgel e Aline Sleutjes, além da senadora eleita Soraya Thronicke e o deputado federal eleito Luis Miranda do DEM.

As despesas da visita, avaliadas em aproximadamente US$36 mil, foram custeadas pelo regime chinês que forneceu hotel e alimentação, segundo o deputado federal eleito Daniel Silveira (PSL-RJ) em um vídeo publicado pela Caneta Desquerdizadora no Facebook, dentro de um hotel na China.

Congressistas do PSL em viagem à China na no dia 15 de janeiro de 2018 (Reprodução/Facebook)
Congressistas do PSL em viagem à China no dia 15 de janeiro de 2018 (Reprodução/Facebook)

Daniel Silveira também informou no vídeo que têm o intuito de implementar o sistema de reconhecimento facial chinês através da criação de um projeto de lei assim que tomar posse e disse que a China tem um socialismo “light”. Além disso, o parlamentar eleito informou que se a Coreia do Norte tiver alguma melhoria para oferecer ele teria interesse em adotar para aplicar no Brasil.

Em um outro vídeo publicado pelo Caneta Dezesquerdizadora no Facebook o deputado federal eleito Luis Miranda (DEM-DF) elogia o hotel onde estavam hospedados juntamente com os outros parlamentares e diz que vai visitar as “empresas de tecnologia, segurança pública e conhecer o conceito chinês de cuidar de bilhões de pessoas e dar certo”.

Segundo o Agência Caneta, o projeto de lei para a implantação do sistema facial no Brasil será apresentado pelo deputado federal eleito Felício Laterça (PSL-RJ). “Os chineses estão muito à nossa frente na questão da segurança pública, e como representante do estado do Rio de Janeiro essa tecnologia toda muito me interessa”, afirmou o deputado antes de embarcar junto com a comitiva de 12 parlamentares rumo à China.

Convite chinês foi feito em 2018 ao PSL

Uma carta da Embaixada da China no Brasil, enviada no dia 15 de novembro de 2018 à Comissão Executiva do Partido Social Liberal (PSL), prova que o Partido Comunista da China (PCC) está financiando o tour que políticos eleitos do PSL estão fazendo pela ditadura chinesa para importar o sistema de controle social comunista, informou o Agência Caneta.

“Com o objetivo de aprofundar o conhecimento mútuo, o Departamento Internacional do Comitê Central do Partido Comunista da China tem a honra de convidar uma delegação do PSL (10 membros) para visita à China”, diz a carta.

“A proposta do tema da visita é o intercâmbio de experiências de governança e cooperações pragmáticas entre os partidos”, afirma o documento, deixando claro que foi uma relação direta entre o PCC e o PSL.

 

O presidente do PSL, o deputado federal reeleito Luciano Bivar (PSL-PE),  disse que o presidente Bolsonaro estava surpreso com a viagem do grupo do PSL à China. O deputado disse também que recusou o convite da embaixada chinesa para uma viagem no período eleitoral e que, recentemente, esteve com o embaixador em Brasília, após a vitória de Jair Bolsonaro. Bivar acrescentou que o presidente Jair Bolsonaro, gostaria de fazer uma viagem à China, mas que ainda seria marcada, informou o Blog da Andréia Sadi do G1.

Olavo de Carvalho

A viagem dos congressistas à China foi alvo de críticas severas do escritor Olavo de Carvalho que fez um vídeo em seu canal do youtube, revelando sua perplexidade com a atitude dos parlamentares. Olavo disse que a comitiva que viajou à China era formada de “semi-analfabetos” e“caipiras”. O escritor também alertou sobre o risco da aproximação com a empresa Huawei devido ao seu histórico de espionagem, sobre a vinda da CNN para o Brasil e que os refugiados do Brasil poderiam se considerar mortos caso este sistema de reconhecimento facial fosse implantado nos aeroportos:

O deputado federal eleito Alexandre Frota (PSL-SP) informou em seu Twitter que organizou a viagem dos congressistas e em um vídeo, publicado no canal Talk About em português, o ex-ator disse que os parlamentares iriam visitar a Huawei.

O advogado de Alexandre Frota, Cleber Teixeira, que participou da visita à China com a comitiva do PSL afirmou em um áudio que o ministro da economia Paulo Guedes e o presidente Jair Bolsonaro sabiam da viagem à China. Ele também informou que a China tem a intensão de investir US$ 31 bilhões no Brasil, conforme citado no site O Antagonista.

China usa “armadilha de dívida” diplomática para buscar hegemonia geopolítica

Por meio de sua iniciativa “Um cinturão, Uma rota”, a China está investindo bilhões de dólares em países emergentes para ajudar a construir grandes projetos de infraestrutura. Muitos desses projetos, no entanto, são financiados por credores chineses controlados pelo Estado, deixando algumas nações em dificuldades e colocando em risco sua soberania.

O Partido Comunista Chinês tornou a iniciativa uma peça central de seus planos para aumentar sua influência geopolítica. A iniciativa visa direcionar trilhões de dólares de investimento para uma vasta rede de infraestrutura de transporte, energia e telecomunicações que conecta a Ásia, a Europa e a África.

A iniciativa”Um cinturão, Uma rota” foi iniciada 2013 pelo presidente Xi Jinping visando convidar países e regiões a construir conjuntamente o Cinturão Econômico da Rota da Seda e a Rota da Seda Marítima do Século XXI, concentrando-se em projetos de infraestrutura em regiões como a Ásia Central e Ocidental, Rússia, Golfo Pérsico, Península da Indochina e Europa,  priorizando conexões por oceanos, ligando a China a partes do Oceano Índico e ao Pacífico Sul. Desde então, a China ressaltou que todos os países do mundo podem participar da iniciativa, uma vez que toda região é bem-vinda, conforme citado pelo  China Daily.

Ainda de acordo com o China Daily   a iniciativa já chegou ao Brasil e existem dois projetos já em construção: o sistema de ultra-alta voltagem para o transporte de energia da barragem de Belo Monte para o Sudeste do Brasil, que de acordo com a Exame terá um investimento de R$9,6 bilhões, e o Porto de São Luís, no Maranhão, cuja construção da primeira etapa está orçada em R$ 1,7 bilhão, segundo o site do governo do Maranhão.

Jeff Smith, especialista em Ásia do Sul, da The Heritage Foundation, diz que algumas ofertas do ICE são uma via de mão única. Falando em um painel organizado pela fundação, ele disse que as nações participantes acumularam grandes somas de dívida com instituições financeiras chinesas e ficaram presas a altas taxas de juros.

De acordo com um estudo do Center for Strategic and International Studies, de todos os contratados que participam de projetos financiados pela China, 89% são de empresas chinesas. Isso contrasta com projetos financiados por bancos multilaterais de desenvolvimento que normalmente usam quase 40% de contratados locais.

O primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, chamou a iniciativa de “novo colonialismo” para expressar seu desconforto com a crescente influência política e econômica da China na região.

A diplomacia da armadilha da dívida também permitiu que a China aumentasse seus abusos aos direitos humanos. Há um aumento no assédio dos dissidentes chineses no exterior, na prisão de estrangeiros na China e na repressão à liberdade acadêmica. E a China tem usado sua influência econômica e política na região para silenciar os críticos.

O ministro da Cultura do Peru, Rogers Valencia, foi criticado depois que seus funcionários suspenderam a Exposição Internacional de Arte Zhen, Shan, Ren (Verdade, Benevolência e Tolerância) produzida por artistas chineses e internacionais, fato que ocorreu no mesmo dia em que o Ministério da Defesa anunciou que recebeu uma doação de Pequim no valor de 18 milhões de dólares.

A exposição, que já foi apresentada em 200 cidades de 40 países, retrata a experiência dos artistas ao praticar o Falun Dafa, sua meditação e exercícios, como a disciplina se tornou popular e começou a se espalhar pelo mundo e também como os praticantes na China são brutalmente perseguidos por sua fé , entre eles, vários dos artistas participantes da exposição. A exposição foi recentemente apresentada em Salvador, São Paulo e Brasília e atualmente está em cartaz no Pátio Cianê Shopping em Sorocaba até o dia 2 de fevereiro.

A perseguição de grupos religiosos

O Partido Comunista Chinês defende o ateísmo e alega que a religião é um “ópio espiritual” que pode intoxicar o povo. Ele usa seu poder para esmagar todas as religiões na China e, então, se deifica, dando ao culto do Partido Comunista Chinês o controle absoluto do país segundo Os Nove Comentários sobre o Partido Comunista.

China, Coreia do Norte, Rússia, Arábia Saudita e vários outros países continuam a abusar da liberdade religiosa em seus respectivos países sem hesitação, segundo um relatório do Departamento de Estado dos Estados Unidos.

A posição de liberdade religiosa da China mereceu destaque por não ter melhorado nem um pouco em 2018, já que o relatório detalhou como o regime chinês continua a perseguir os praticantes do Falun Gong, os muçulmanos uigures, os budistas tibetanos e os cristãos.

“Os Estados Unidos não ficarão apenas como espectadores”, disse o secretário de Estado, Mike Pompeo, durante uma coletiva de imprensa do Departamento de Estado em maio de 2018 para apresentar o último relatório internacional sobre liberdade religiosa. “Vamos entrar no ringue e nos solidarizar com todos os indivíduos que buscam desfrutar de seus direitos humanos mais fundamentais”.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos está mandatado pelo Congresso para divulgar o relatório anual, que analisa o estado da liberdade religiosa em países em todo o mundo no ano anterior.

A seção do relatório sobre a China documenta inúmeros abusos à liberdade religiosa em 2017. Em Xinjiang, grupos de direitos humanos e outros relataram que centenas de milhares de muçulmanos uigures foram enviados à força para campos de reeducação e segurança e vigilância extensiva e invasiva foram impostas aos uigures, de acordo com o relatório.

Praticantes do Falun Gong são agredidos por chineses em Brasília

A China comunista não esconde sua rejeição por grupos religiosos no exterior e usa a violência nos países que tem visitado para reforçar suas atitudes cruéis e desumanas. O crescente interesse em investimentos chineses no Brasil poderá revelar as indesejáveis consequências de manter um grande violador de direitos humanos como nosso maior parceiro comercial.

Um episódio surreal aconteceu no Brasil ilustrando como a China lida com os grupos que desejam ter liberdade religiosa. Cerca de 20 homens chineses, alguns dos quais, foram reconhecidos como integrantes da comitiva presidencial chinesa agrediram e roubaram praticantes do Falun Gong no dia 17 de julho de 2014.

Praticantes do Falun Gong vestidos de camisetas amarelas se reuniram em Brasília durante a visita de autoridades chinesas à capital brasileira para protestar contra a perseguição do regime chinês ao Falun Gong na China, exibindo faixas e esclarecendo os fatos aos policiais e traseuntes locais (Epoch Times)
Praticantes do Falun Gong vestidos de camisetas amarelas se reuniram em Brasília durante a visita de autoridades chinesas à capital brasileira para protestar contra a perseguição do regime chinês ao Falun Gong na China, exibindo faixas e esclarecendo os fatos aos policiais e transeuntes locais (Epoch Times)

O fatídico incidente ocorreu em Brasília, durante o segundo dia da manifestação pacífica realizada no intuito de pedir o fim dos 15 anos de perseguição ao Falun Gong ao presidente Xi Jinping naquele ano, o qual coincidiu com o encontro do BRICS e a celebração de 40 anos de parceria entre Brasil e China.

Segundo uma das manifestantes, Beatriz Saliés, psicóloga e praticante do Falun Gong, mais de 150 policiais estiveram presentes para impedir a manifestação, conforme publicado pelo Epoch Times.

Na mesma época, a perseguição se repetiu na Argentina, que já havia sofrido diversas retaliações do Partido Comunista Chinês,  nos dias posteriores, de acordo com uma reportagem do  La Gran Epoca.

Um praticante masculino do Falun Gong é preso pela polícia argentina (Captura de tela via YouTube)
Praticante do Falun Gong é preso pela polícia argentina (Captura de tela via YouTube)

Um outro episódio aconteceu recentemente também na Argentina quando manifestantes que protestavam pacificamente contra os abusos dos direitos humanos na China antes da cúpula do G-20  foram presos em Buenos Aires e detidos depois de serem informados pela polícia que não tinham permissão para protestar contra o regime chinês.

A 11ª cúpula do Brics será sediada no Brasil em 2019 e os manifestantes pacíficos do Falun Gong e de outras religiões, que porventura compareçam ao evento, possuem direitos respaldados pelas leis brasileiras dentro do território nacional que deveriam proporcionar segurança e livre arbítrio.

Uma China “light”

Em 20 de julho de 1999 o então líder do Partido Comunista Chinês (PCC) Jiang Zemin lançou uma campanha para erradicar a prática espiritual do Falun Gong da China, e milhares de praticantes do Falun Gong foram presos e encarcerados em prisões de larga escala e campos de trabalho forçado.

De acordo com o livro “State Organs: Transplant abuse in China”, prisioneiros de consciência, incluindo praticantes do Falun Gong, são assassinados na China para suprirem uma lucrativa demanda por órgãos na indústria de transplantes e as instituições do Estado estão envolvidas neste abuso.

O PCC fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir que a verdade sobre seu lucrativo comércio de transplantes, bem como o modo como eles removem os órgãos dos praticantes do Falun Gong à força, seja divulgada. Mesmo assim, pessoas com senso de consciência estão se manifestando, algumas correndo grande risco de morte, para expor os crimes do regime contra a humanidade.

“Os órgãos não foram todos vendidos, alguns foram estocados”, disse a testemunha em primeira mão, um policial que trabalhava para o Departamento de Segurança Pública da cidade de Jinzhou, na província de Liaoning, nordeste da China. “Córneas, rins, corações… eles até extraíram cérebros, eu não sei com que propósito”.

O nome do oficial foi omitido para sua segurança. Ele sabe que o PCC extrai órgãos e ele admite ter participado da tortura de praticantes do Falun Gong “muitas vezes”, mas esta foi a primeira vez em que ele testemunhou a extração forçada de órgãos, porque a experiência foi demais para ele.

“Quando a tesoura cortou um vaso sanguíneo no coração, ela começou a convulsionar, foi extremamente aterrorizante” (©The Epoch Times)
“Quando a tesoura cortou um vaso sanguíneo no coração, ela começou a convulsionar, foi extremamente aterrorizante” (©The Epoch Times)

Ele sentiu um tremendo estresse psicológico e ficou com trauma após testemunhar o crime, ele aceitou uma entrevista de 30 minutos com um investigador da Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong em dezembro de 2009, que o havia chamado pela terceira vez para uma entrevista.

“A extração começou às 17h em 9 de abril de 2002 e durou 3 horas.”

Em uma sala de operações localizada no 15º andar do Hospital das Clínicas do Comando Militar de Shenyang, Exército Popular de Libertação, uma praticante do Falun Gong de 30 anos foi mantida contra sua vontade simplesmente por sua crença.

“Nós já a havíamos interrogado e brutalmente a torturamos por uma semana”, disse a testemunha ocular. “Seu corpo estava coberto de inúmeras feridas e cicatrizes. Nós a tínhamos agredido com armas de choque, atordoando-a.

Dois cirurgiões militares entraram na sala. O mais antigo era do Hospital Geral da Região Militar de Shenyang do Exército Popular de Libertação (ELP), o mais novo era graduado pela Segunda Universidade Médica Militar.

A testemunha disse que os cirurgiões começaram a cortar a mulher enquanto ela ainda estava viva, sem usar nenhum anestésico.

“Eles seguraram o bisturi no peito dela. Suas mãos não exitaram de modo algum.”

“Eles já haviam atingido o interior do corpo dela, ela gritou, a mulher gritou e gritou: ‘Falun Dafa é bom’”.

“[Ela] disse, ‘você pode me matar’. Basicamente, ela queria dizer que ‘você pode me matar, mas você terá que matar centenas de milhões de pessoas, pessoas que estão sendo perseguidas por acreditar em uma fé verdadeira’. Naquele momento, os médicos, os médicos militares, hesitaram. Eles me lançaram um olhar e, em seguida, dispararam um olhar para a nosso alto funcionário e o oficial assentiu. Ele continuou com o vaso sanguíneo… primeiro foi a extração do coração e, em seguida, a extração dos rins. Quando a tesoura cortou um vaso sanguíneo no coração, ela começou a convulsionar, foi extremamente aterrorizante. Eu posso imitar seus gritos, mas eu não sou bom nisso. Seus gritos eram como se algo estivesse rasgando, rasgando, e então, ah, ahhh… sua boca estava aberta, seus olhos estalando, boca aberta. Minha nossa… eu não posso continuar falando sobre isso.”

Quando perguntado pelo nome da mulher, o policial estava com medo de que, se ele revelasse, ele se expusesse. “Eu não posso lhe dizer isso, porque havia apenas alguns de nós naquela sala de cirurgia”.

A vítima foi torturada e estuprada por um mês antes de ser morta.

O oficial de Jinzhou tinha 22 anos na época da extração de órgãos vivos. Ele disse que a mulher era uma professora do ensino médio. Ela era casada com um operário de fábrica e eles tinham um filho de 12 anos.

Esta história foi encenada pela miss canadense Anastasia Lin, que também sofreu retaliações do PCC, no curta-metragem Ravage criado pelo diretor vencedor do prêmio Peabody, Leon Lee, conforme publicado no Epoch Times.

Brasileiro é detido e espancado na China por praticar Falun Gong

O investidor Jan Hendriks Júnior, que pratica Falun Gong desde 2000, viajou à China em 14 de janeiro de 2002 como turista para se encontrar com outros praticantes no intuito de realizar os exercícios do Falun Dafa na praça Tianamen, em Pequim.

No mesmo dia o regime chinês, que já havia se informado sobre o destino do grupo por meio de sua intrincada rede de espionagem, enviou policiais para vários hotéis objetivando prender todos os estrangeiros hospedados no local. Desta forma eles invadiram e devassaram os quartos dos praticantes do Falun Gong e de outros estrangeiros. Muitos dos clientes que foram afetados pela  inspeção compulsória reclamaram sobre o ocorrido.

Jan Hendrix Júnior praticando o quinto exercício do Falun Gong (Facebook/Jan Hendrix Júnior)
Jan Hendriks Júnior praticando o quinto exercício do Falun Gong (Facebook/Jan Hendriks Júnior)

Quando Jan e outros praticantes do Falun Gong chegaram à praça Tianamen, policiais já estavam no local e começaram a deter parte do grupo. Jan continuou caminhando até o centro da praça Tianamen. Policiais se aproximaram de Jan, mas ele resistiu à prisão. No entanto, ao ver os outros integrantes do grupo dentro de uma van próxima ao local ele resolveu se juntar ao grupo.

Ao entrar na van ele se deparou com uma cena chocante. Os policiais estavam espancando os praticantes do Falun Gong e muitos já estavam seriamente feridos. Jan foi enérgico com os guardas ordenando que parassem com tamanha crueldade e eles, felizmente, pararam com a violência temporariamente.

O investidor Jan Hendrix Júnior e outros praticantes praticam os exercícios do Falun Gong em São Paulo (Facebook/ Jan Hendrix Júnior)
Jan Hendriks Júnior e outros praticantes praticam os exercícios do Falun Gong em São Paulo (Facebook/ Jan Hendriks Júnior)

Em seguida o grupo foi levado para a delegacia onde entraram em uma fila para tirar fotos. Jan se recusou a tirar fotos. Em seguida os policiais começaram a interrogar o grupo e reiniciaram a violência batendo violentamente em homens e mulheres, não se importando com o sexo, durante várias horas. Eles entravam e saíam de recintos da delegacia para repetir a rotina cruel.  Jan disse que uma mulher teve seus cabelos arrancados e diversos praticantes foram feridos e tiveram suas roupas rasgadas.

Os praticantes foram então levados de ônibus para um local parecido com um hotel-prisão, segundo Jan. No hotel haviam policiais e oficiais do exército que os direcionaram para grandes auditórios. Posteriormente eles começaram a separar o grupo em salas de conferências dividindo os praticantes em grupos de mais e menos rebeldes. Os grupos, que continham cinco ou dez praticantes foram separados e cada praticante tinha pelo menos dois guardas para efetuar a coação. Os praticantes mais rebeldes apanhavam mais.

Jan Hendrix Junior atuando como voluntário em uma das Exposições Internacionais Zhen Shan Ren (Verdade, Benevolência e Tolerância)
Jan Hendriks Júnior atuando como voluntário em uma das Exposições Internacionais Zhen Shan Ren (Verdade, Benevolência e Tolerância)

Eles iniciaram a coação levando os praticantes individualmente para salas onde os ameaçavam e obrigavam a assinar um documento. Jan se recusou a assinar e exigiu um tradutor. Eles reagiram à resistência de Jan com severidade ameaçando a ele e sua família em inglês. Como Jan se mostrou tenaz e inabalável eles ficaram sem ação e deixaram Jan passar a noite com o grupo no auditório sem colchão ou qualquer mobília.

Eles permaneceram no chão em meditação, sem dormir,  até o dia seguinte. Eles recusaram a comida oferecida pois já haviam sido alertados que ela poderia conter substâncias que facilitariam a coerção nos interrogatórios. Como consequência, eles iam ao banheiro para tomar água da torneira.

No dia seguinte os policiais trouxeram todas as malas dos praticantes e confiscaram todo o material do Falun Dafa, bem como livros, câmeras fotográficas e passaportes.  Jan aproveitou a oportunidade e conversou muito com os guardas que o vigiaram no intuito de exclarecer a eles que o Falun Dafa é bom. Na despedida os guardas o trataram bem e um voltou no final para se despedir dele e dizer que ele havia mudado sua visão sobre os praticantes do Falun Gong, que ele havia compreendido que eles são boas pessoas.

Huawei e a criação do Estado orwelliano de vigilância na China

Em 1949, ano em que a China caiu nas garras do comunismo, George Orwell publicou “1984”, um romance ambientado em um Estado policial totalitário liderado pelo Grande Irmão e vigiado pela onipresente Polícia do Pensamento.

Quase 70 anos depois, o atual PCC transformou grande parte do pesadelo distópico de Orwell em realidade. Baseado em empresas de tecnologia para vigiar o povo chinês, o PCC criou uma Polícia do Pensamento na vida real na forma de um plano de digitalização urbana conhecida como “China Skynet” ou “Cidade Segura”.

A emblemática empresa chinesa de telecomunicações que recentemente esteve no noticiário devido à prisão no Canadá de sua diretora financeira, Meng Wanzhou, desempenhou um papel importante na Skynet e em outros projetos orwellianos idealizados pelo Partido Comunista para vigiar mais de 1,4 bilhão de chineses, suprimir os opositores políticos e perseguir as minorias.

Em setembro de 2017, “Gloriosa China” — um programa estatal transmitido pela Televisão Central Chinesa (CCTV) — descreveu como o PCC construiu a maior rede de vigilância do mundo, com mais de 20 milhões de câmeras em um sistema com inteligência artificial ( IA) interconectado e Big Data. Este ano, mais de 170 milhões de câmeras foram instaladas como parte do programa Cidade Segura, e outras 400 milhões de câmeras serão instaladas nas cidades e zonas rurais da China nos próximos três anos.

A tecnologia de reconhecimento facial que forma a espinha dorsal da Skynet foi desenvolvida pela Huawei em estreita colaboração com empresas menores, como Yitu, SenseTime e Megvii.

Em novembro de 2017, o repórter da BBC John Sudworth sentiu na pele a eficiência do Projeto Skynet em Guiyang, no sul da China. Ele foi pego pela polícia local apenas sete minutos depois de tirar uma foto pelo telefone celular.

Huawei tem um papel central no programa Cidade Segura do PCC e está profundamente envolvida tanto no Projeto Skynet quanto no “Blue Sky”, outro programa de vigilância usado pelo regime comunista.

A rápida melhoria da tecnologia de vigilância desempenhou um papel proeminente no monitoramento e supressão dos direitos humanos pelo Partido, desde a perseguição de praticantes da disciplina espiritual do Falun Dafa até a minoria muçulmana uigur que vive na província de Xinjiang, no noroeste da China.

De acordo com documentos da Comissão de Assuntos Políticos e Jurídicos (CAPL) do PCC, a principal tarefa do Projeto Skynet é ajudar a reprimir o Falun Dafa.

CIA, FBI e NSA não recomendam Huawei e ZTE

Funcionários das principais agências de inteligência norte-americana, incluindo a Agência Central de Inteligência (CIA), o Departamento Federal de Investigação (FBI) e a Agência de Segurança Nacional (NSA), sugeriram “não usar” telefones e dispositivos dos fabricantes chineses Huawei e da empresa de telecomunicações ZTE.

Os representantes alertaram sobre as ameaças globais desta tecnologia fabricada na China perante o Comitê de Inteligência do Senado. Entre eles estão o diretor do FBI, Christopher Wray, e o diretor da CIA, Mike Pompeo.

De acordo com notícia divulgada pela CNBC, em resposta a uma pergunta do Comitê, cada um dos seis respondeu que não recomendam que os consumidores privados utilizem esses produtos.

O uso desses celulares e equipamentos “proporciona a capacidade de exercer pressão ou controle sobre nossa infraestrutura de telecomunicações”, disse o diretor do FBI, Chris Wray.

“Essa tecnologia proporciona a capacidade de modificar ou roubar informação maliciosamente e oferece a capacidade de realizar espionagem não detectável”, afirmou.

Ele também observou: “Estamos profundamente preocupados com os riscos de permitir que qualquer empresa ou entidade comprometida com governos estrangeiros, que não compartilham nossos valores, adquira posições de poder em nossas redes de telecomunicações.”

A reunião abordou uma ampla gama de tópicos, desde o programa nuclear da Coreia do Norte até as drogas que entram nos Estados Unidos através do México, no entanto, a segurança cibernética e o uso de tecnologia na espionagem foram o foco de maior relevância.

“Existem organizações que usam a cibernética para penetrar virtualmente em todas as ações importantes que ocorrem nos Estados Unidos”, disse o diretor de inteligência nacional Dan Coats, de acordo com Digital Trends.

Coats observou que a Rússia, China, Irã e Coreia do Norte são os países que representam as maiores ameaças.