Por Bruna Lima, Terça Livre
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi o primeiro a depor à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia na terça-feira (4).
A sessão teve início pela manhã e seguiu durante todo o dia. Somente as declarações de Mandetta somam mais de 5h.
O depoimento do também ex-ministro Nelson Teich, que era previsto para ontem, foi adiado para quarta-feira (5), já o de Eduardo Pazuello foi remarcado para o dia 19 de maio.
O ex-ministro Pazuello teria tido contato com pessoas infectadas pela Covid-19 e precisou entrar em quarentena.
Um dos assuntos tratados com Luiz Henrique Mandetta durante sua audiência na CPI da Pandemia foi a compra de respiradores no início de 2020.
O ex-ministro disse que o Ministério da Saúde agiu em favor da indústria nacional, mas não conseguiu impedir a disputa das peças entre os estados.
“Há um período em que essa competição aqui dentro ficou de uma maneira insustentável e nesse momento é que entra o Ministério da Saúde e fala: ‘no nível nacional, nós vamos fechar o preço, nós vamos escalonar a produção e nós vamos entregar os respiradores’”, pontuou o ex-ministro.
O Terça Livre chegou a noticiar que a compra de insumos e equipamentos, sem uma coordenação nacional, foi alvo de ações no Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu em favor dos estados na compra de respiradores, seringas e agulhas.
Durante a audiência da CPI da Pandemia, Mandetta ainda comentou que o Governo Federal realizou compras dos equipamentos com custo baixo e que também evitou comprar de outros países motivado pelo sobrepreço dos equipamentos.
“O Brasil foi o país que comprou os respiradores pelo valor mais baixo do mundo e os entregou cem por cento na ponta. Isso não impediu os governadores, prefeitos, enfim, aqueles que têm iniciativa, de tentarem comprar, através de representantes, como a China, a Coreia, comprar desses lugares. Coisa que o Ministério da Saúde tentou também, em nome de todos, mas as licitações davam vazias, davam sobrepreço”, disse Mandetta.
O assunto esteve na pauta do Boletim da Noite desta terça-feira (4).
Ao analisar o depoimento do ex-ministro da saúde à CPI, o jornalista Allan dos Santos relembrou a atuação de Mandetta na pasta.
“Precisamos lembrar que Mandetta é um dos maiores responsáveis pelas prisões que ocorreram por guardas municipais e policiais militares, nos estados e municípios, ele e Moro, eu fico impressionado que até hoje Bolsonaro não revogou isso. Porque foi a portaria que saiu do Ministério da Saúde, enquanto o Mandetta era ministro, e do Ministério da Justiça, enquanto o Sergio Moro era ministro – da Justiça -, foi dali que saiu a portaria que dizia que tinha que prender todos que estivessem na rua”, disse o correspondente internacional do Terça Livre.
“Enquanto Mandetta jogava sinuca ou ficava na praia, as pessoas tinham que ficar em casa, senão eram presas”, completou.
A disputa pela compra individual dos equipamentos pelos estados, sem a coordenação do Governo Federal, resulta agora em investigações contra governadores por compras irregulares durante a pandemia da Covid-19.
É o caso do governador da Bahia, Rui Costa (PT), que é alvo de investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR).