Na segunda-feira (23) a estatal chinesa State Grid, a maior empresa do setor elétrico e a segunda que mais fatura no mundo — US$ 320 bilhões, só atrás do Walmart finalizou a aquisição do controle da empresa paulista CPFL Energia, proprietária da RGE e da AES Sul no Rio Grande do Sul, com 54,64% de participação.
Os antigos controladores eram a Camargo Corrêa e os fundos de pensão Previ, Fundação Cesp, Sabesprev, Sistel e Petros. A partir da aquisição, dois terços da distribuição de energia do Estado do Rio Grande do Sul são transferidos para a administração chinesa.
De acordo com o presidente da CPFL, André Dorf, essa cota pode aumentar. Existe grande interesse por parte dos chineses no setor energético do Rio Grande do Sul, mais especificamente no potencial do carvão do Rio Grande do Sul.
A estatal CRM possui permissões de produção capazes de assegurar o abastecimento do Estado por cerca de 250 anos. Estima-se que os estoques de carvão existentes no Rio Grande do Sul sejam suficientes para assegurar energia em grande proporção por mil anos pelo menos.
O propósito dos chineses é retirar gás do carvão e mandá-lo para a China em estado líquido. Lá ele será reconvertido para produzir energia elétrica. Nas próximas semanas acontecerá uma oferta pública de venda de ações que não estão sob o controle dos ex-proprietários de RGE e AES Sul, em posse de acionistas minoritários.
Será feita uma oferta de compra aos chineses pelos mesmos valores pagos pelos controladores majoritários, como determina a Lei das Sociedades Anônimas. A State Grid é a maior empresa do mundo em faturamento, depois do Walmart, e a maior companhia de energia elétrica do planeta.
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Tem 1,7 milhão de funcionários no mundo. Além de China e Brasil, está presente também em Portugal, Austrália, Itália e Filipinas. No setor elétrico, os chineses estão muito na dianteira, fazendo uso de muita tecnologia de gestão na operação.
A State Grid é inteiramente estatal e também trabalha com geração renovável e transmissão de energia. A empresa tem uma unidade no Rio de Janeiro trabalhando só com transmissão. Mas transmissão não está incluída no plano estratégico da CPFL. A State Grid do Rio de Janeiro e a CPFL têm acionistas diferentes.
A estatal gaúcha CEEE, que provê energia no Rio Grande do Sul e que possui ativos em geração e transmissão, poderá ser a próxima empresa do setor elétrico a constar da lista de privatizações planejadas pela União e Estados, conforme divulgado pela Reuters.
O governo do Rio Grande do Sul revelou na segunda-feira que pretende federalizar ou privatizar a CEEE como parte de várias ações de reorganização do Estado devido à grave crise financeira.
Se o governo do Rio Grande do Sul decidir privatizar a CEEE, os chineses têm interesse em adquiri-la através da CPFL. A CPFL está solidamente representada no mercado de contratação de energia, através da CPFL Brasil. Opera junto com clientes industriais e comerciais cuja meta é migrar e comprar energia no mercado livre.
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A CPFL já tem sob seu gerenciamento uma distribuidora operando igualmente no Rio Grande do Sul, a Rio Grande Energia. Recentemente adquiriu outra empresa na região através da norte-americana AES, a AES Sul.
Antes da divulgação das medidas do Rio Grande do Sul, a CEEE trabalhava em um plano estratégico de venda de ativos e corte de empregos para se reestruturar.