As empresas brasileiras estão enfrentando um ambiente de negócios extremamente desafiador e volátil. Segundo o relatório Monitor Global de Liderança 2024, da Russell Reynolds Associates, as ameaças externas aumentaram quase 64% em comparação ao ano anterior.
O aumento nas ameaças reflete preocupações com as incertezas geopolíticas, avanços tecnológicos e cibersegurança. Além disso, a crescente rotatividade de colaboradores está levando os líderes empresariais a reconsiderar suas prioridades estratégicas para garantir a sustentabilidade e a resiliência das suas organizações.
“As conclusões do Monitor Global de Liderança indicam que as empresas brasileiras devem se adaptar rapidamente a um ambiente de negócios cada vez mais complexo”, afirma Flávia Leão, sócia-diretora e head da Russell Reynolds no Brasil.
Incertezas geopolíticas e regulamentações mais rígidas pressionam empresas
As incertezas geopolíticas e o aumento das regulamentações estão entre os principais fatores que pressionam o ambiente de negócios. Em 2024, o percentual de líderes empresariais preocupados com regulamentações subiu de 31% para 40%.
As incertezas geopolíticas, por sua vez, mais que dobraram, indo de 14% em 2023 para 31% em 2024. A crescente complexidade das relações diplomáticas internacionais tem gerado um impacto direto nas operações empresariais.
Ao mesmo tempo, o aumento nas regulamentações está forçando as empresas a adaptarem suas estratégias e práticas para atender às novas exigências dos órgãos reguladores. Esse cenário exige uma adaptação constante e uma resposta rápida às mudanças políticas e regulatórias.
Os problemas estão gerando uma crescente dificuldade dos líderes empresariais de lidar com regulamentações e com a gestão tributária. A capacidade de lidar com esses temas caiu 30% e 36%, respectivamente, em relação ao ano passado.
Tecnologia e cibersegurança emergem como grandes preocupações
O impacto das inovações tecnológicas também é um ponto crítico destacado pelo estudo. Além disso, há uma necessidade urgente de adaptação ao avanço rápido da digitalização.
Quarenta por cento dos líderes empresariais consideram as inovações tecnológicas um desafio significativo para 2024, um aumento de 11% em relação ao ano anterior. O avanço da inteligência artificial e a transformação digital têm exigido mudanças nos modelos de negócios e nas práticas organizacionais.
A cibersegurança também se tornou uma preocupação central, com um aumento de 53% no nível de alerta entre os executivos. O aumento dos ataques cibernéticos e das violações de dados está levando as empresas a reforçarem seus investimentos em segurança digital.
Além disso, as empresas estão realizando treinamentos para suas equipes, buscando garantir a proteção das informações e a continuidade das operações em um ambiente cada vez mais vulnerável a ataques.
Trabalho híbrido se estabelece como tendência definitiva
O trabalho híbrido se consolidou como uma tendência irreversível no Brasil, segundo o relatório. A adoção de modelos flexíveis de trabalho, que combinam home office com atividades presenciais, se tornou uma das prioridades para as empresas.
Esses modelos buscam aumentar a satisfação e a produtividade dos colaboradores. Em comparação ao ano passado, a importância do trabalho híbrido mais do que dobrou na percepção dos líderes empresariais.
Essa tendência destaca a necessidade de as empresas proporcionarem maior flexibilidade, a fim de enfrentar os desafios modernos e adaptar-se às expectativas dos colaboradores por condições de trabalho mais equilibradas.
Menor preocupação com disponibilidade de talentos e mais foco na rotatividade
A pesquisa também apontou mudanças nas prioridades dos líderes empresariais em relação à gestão de talentos. A preocupação com a disponibilidade de talentos qualificados caiu 36% em 2024, em comparação com o ano anterior.
Esse declínio indica uma maior confiança das empresas em suas estratégias de atração e retenção de profissionais. Por outro lado, a preocupação com a rotatividade de colaboradores aumentou 33%.
Esse aumento reflete uma instabilidade crescente nas equipes, o que pode ter impactos negativos na continuidade dos projetos e na manutenção do conhecimento organizacional.
As preocupações com grandes ameaças à saúde, como pandemias, também diminuíram, registrando uma queda de 26%. Esse declínio sugere que as empresas estão mais confiantes na capacidade de gerenciar riscos de saúde após os aprendizados adquiridos durante a pandemia de COVID-19.