Em depoimento, Cid nega envolvimento em plano de atentado; PF pede anulação de delação premiada

Por Redação Epoch Times Brasil
20/11/2024 06:15 Atualizado: 20/11/2024 06:16

A Polícia Federal (PF) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que revogue os benefícios concedidos a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, no acordo de delação premiada firmado com a corporação. 

O pedido se baseia na acusação de que o tenente-coronel omitiu informações essenciais durante seu depoimento, o que teria comprometido os privilégios obtidos.

Cid é investigado em um inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado para garantir a permanência de Bolsonaro no poder após sua derrota nas urnas. 

A PF convocou Cid para prestar depoimento nesta terça-feira, após recuperar dados apagados de seus computadores. 

Ele foi chamado a explicar os motivos da exclusão dessas informações, que deram início à operação Contragolpe, deflagrada no mesmo dia. 

A recuperação dos dados foi possível graças ao uso de tecnologia militar israelense.

Segundo a PF, um grupo de militares planejou o assassinato de autoridades, incluindo Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. 

Durante a operação desta terça-feira, cinco pessoas foram presas, acusadas de envolvimento na trama. 

As investigações revelaram que Cid, em colaboração com o general da reserva Mário Fernandes, trocou mensagens sobre um suposto plano para assassinar essas figuras políticas e impedir a posse de Lula após as eleições de 2022.

No depoimento, Cid negou saber do plano, mas, segundo apurou a EXAME, suas declarações foram consideradas contraditórias e omissas pelos investigadores, prejudicando sua credibilidade. Em 2023, o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, um dos alvos da operação, também assinou um acordo de colaboração premiada. 

Após a recuperação de dados apagados de seu aparelho eletrônico, Lima foi chamado a prestar novos esclarecimentos.

A PF solicitou a revogação dos benefícios concedidos a ele, como a redução de pena e a possibilidade de responder aos processos em liberdade. 

O pedido foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, que deve enviá-lo à Procuradoria-Geral da República (PGR) para análise.

Os militares alvos da operação pertencem a um grupo conhecido como “kids pretos”. Para ingressar na organização, os militares devem concluir o exigente Curso de Ações de Comandos, considerado a “tropa de elite” do Exército. 

Durante a ação desta terça-feira, a PF cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão, além de impor medidas cautelares.

Confira quem são os alvos presos:

– Mário Fernandes: general da reserva e ex-assessor de Bolsonaro;

– Hélio Ferreira Lima: tenente-coronel do Exército, membro dos “kids pretos” e que se preparava para um curso das Forças Especiais;

– Rafael Martins de Oliveira: tenente-coronel do Exército, membro dos “kids pretos”;

– Rodrigo Bezerra de Azevedo: tenente-coronel do Exército, membro dos “kids pretos”;

– Wladimir Matos Soares: policial federal.

A investigação segue em andamento e pode levar a novos desdobramentos, incluindo a revogação da delação de Cid e a prisão de outros envolvidos no caso.