O dólar abriu a manhã desta quinta-feira (28) em forte alta, alcançando o recorde histórico de R$ 5,999, como reação imediata ao pacote fiscal anunciado na noite anterior pelo ministro da Fazenda.
A disparada da moeda reflete a volatilidade nos mercados, gerada pelas incertezas sobre a viabilidade e os impactos das medidas propostas.
Na tarde de quarta-feira (27), a moeda já havia registrado uma valorização expressiva, chegando a R$ 5,91, após a divulgação de que o pacote fiscal incluiria a isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil, atingindo um patamar inédito frente ao real.
O anúncio incluiu ações como a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, além de ajustes em programas sociais, que prometem reconfigurar o cenário fiscal do país.
Contudo, a falta de detalhes sobre as compensações financeiras e as dúvidas sobre a implementação das propostas alimentaram a preocupação de investidores e analistas econômicos.
Em sua entrevista na manhã desta quinta, o ministro procurou esclarecer os pontos da proposta, que ainda precisa ser aprovada pelo Congresso.
Ele afirmou que, assim como a reforma tributária, a reforma do Imposto de Renda seguirá a premissa de neutralidade fiscal. Para compensar a isenção, quem tiver rendimentos acima de R$ 50 mil por mês deverá pagar uma alíquota fixa de 10%.
O governo espera que a isenção entre em vigor em 1º de janeiro de 2026, sendo debatida pela Câmara e pelo Senado ao longo do próximo ano.
Medidas do pacote fiscal
Entre as ações anunciadas, destacam-se cortes e ajustes que, segundo o governo, podem gerar uma economia de R$ 327 bilhões entre 2025 e 2030.
Dentre elas:
- – Reajuste do salário mínimo: Limitação do aumento a 2,5% acima do INPC, abandonando a regra baseada no crescimento do PIB;
- – Alterações no abono salarial: Restrição do benefício a quem recebe até R$ 2.640;
- – Revisão de benefícios sociais: Uso de biometria facial para validar beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC);
- – Cortes em incentivos fiscais: Fim da renovação automática de benefícios tributários durante cenários de deficit primário.
As mudanças buscam equilibrar as contas públicas, mas enfrentam ceticismo quanto à sua eficácia e impacto social.
Haddad afirmou que, em 2024, o governo bloqueou R$ 20 bilhões em despesas, apresentando esse dado como prova do compromisso com o arcabouço fiscal.
No entanto, o impacto prático dessas medidas não está claro, especialmente diante das dificuldades para sustentar cortes sem comprometer áreas sensíveis.
O ministro também garantiu que as metas do arcabouço fiscal serão cumpridas no próximo ano, incluindo o deficit primário zero.