Dólar bate recorde em R$ 5,999 após anúncio de pacote fiscal

Por Redação Epoch Times Brasil
28/11/2024 12:20 Atualizado: 28/11/2024 12:20

O dólar abriu a manhã desta quinta-feira (28) em forte alta, alcançando o recorde histórico de R$ 5,999, como reação imediata ao pacote fiscal anunciado na noite anterior pelo ministro da Fazenda. 

A disparada da moeda reflete a volatilidade nos mercados, gerada pelas incertezas sobre a viabilidade e os impactos das medidas propostas.

Na tarde de quarta-feira (27), a moeda já havia registrado uma valorização expressiva, chegando a R$ 5,91, após a divulgação de que o pacote fiscal incluiria a isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil, atingindo um patamar inédito frente ao real.

O anúncio incluiu ações como a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, além de ajustes em programas sociais, que prometem reconfigurar o cenário fiscal do país. 

Contudo, a falta de detalhes sobre as compensações financeiras e as dúvidas sobre a implementação das propostas alimentaram a preocupação de investidores e analistas econômicos.

Em sua entrevista na manhã desta quinta, o ministro procurou esclarecer os pontos da proposta, que ainda precisa ser aprovada pelo Congresso. 

Ele afirmou que, assim como a reforma tributária, a reforma do Imposto de Renda seguirá a premissa de neutralidade fiscal. Para compensar a isenção, quem tiver rendimentos acima de R$ 50 mil por mês deverá pagar uma alíquota fixa de 10%.

O governo espera que a isenção entre em vigor em 1º de janeiro de 2026, sendo debatida pela Câmara e pelo Senado ao longo do próximo ano.

Medidas do pacote fiscal

Entre as ações anunciadas, destacam-se cortes e ajustes que, segundo o governo, podem gerar uma economia de R$ 327 bilhões entre 2025 e 2030.

Dentre elas:

  • – Reajuste do salário mínimo: Limitação do aumento a 2,5% acima do INPC, abandonando a regra baseada no crescimento do PIB;
  • – Alterações no abono salarial: Restrição do benefício a quem recebe até R$ 2.640;
  • – Revisão de benefícios sociais: Uso de biometria facial para validar beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC);
  • – Cortes em incentivos fiscais: Fim da renovação automática de benefícios tributários durante cenários de deficit primário.

As mudanças buscam equilibrar as contas públicas, mas enfrentam ceticismo quanto à sua eficácia e impacto social.

Haddad afirmou que, em 2024, o governo bloqueou R$ 20 bilhões em despesas, apresentando esse dado como prova do compromisso com o arcabouço fiscal. 

No entanto, o impacto prático dessas medidas não está claro, especialmente diante das dificuldades para sustentar cortes sem comprometer áreas sensíveis.

O ministro também garantiu que as metas do arcabouço fiscal serão cumpridas no próximo ano, incluindo o deficit primário zero.