Neri Geller, ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), afirmou durante a comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados desta terça-feira (18), que o governo já havia feito reuniões sobre o preço do arroz ainda em janeiro de 2024, meses antes das catástrofes do Rio Grande do Sul.
Geller foi exonerado após a anulação do leilão de arroz do dia 6 de junho devido a possíveis fraudes por parte das compradoras. Em entrevista, o deputado Pedro Lupion entendeu que “deram a cabeça de Neri Geller para salvar o PT”.
Durante a audiência, o ex-secretário relatou que ainda em janeiro, logo após ele assumir o cargo de secretário no Mapa, o governo convocou uma reunião para discutir sobre o preço do arroz. De acordo com ele, na reunião estava o Ministério da Fazenda, a Secretaria de Política Agrícola, a CONAB e representantes do planejamento.
“Em janeiro, nós fomos convidados a discutir a questão do preço do arroz lá no Planalto. O governo colocava pra nós a [questão] do alto preço do arroz e que realmente estava acima da curva, gerando indício de inflação” disse Geller.
Geller também informou que na ocasião em que ainda era secretário do governo, ele fez uma apresentação aconselhando o governo e ter cautela com a importação devido a uma projeção de “supersafra” no RS e ao aumento de 30% da produção de arroz no Centro-Oeste.
Lula havia afirmado no dia 25 de maio, que “ficou nervoso” quando viu o preço do arroz após as enchentes, e que por isso, decidiu que a melhor coisa a se fazer era a importação de arroz. “Esta semana fiquei meio nervoso porque vi o preço do arroz muito caro no supermercado. O pacote de 5 kg, em um supermercado, estava R$36, no outro estava R$33”.
Contudo, as novas informações de Geller mostram que o incômodo de Lula em como o preço do arroz poderia impactar a inflação veio muito antes das chuvas no Rio Grande do Sul. O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, momentos antes das falas de Geller afirmou: “foi feito um uso indevido, incorreto, injusto e cruel das enchentes do Rio Grande do Sul para se fazer algo que já estava no plano de se fazer”.