O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou nesta quarta-feira (12) para investidores sauditas no evento FII Priority, sediado no Rio de Janeiro. O mandatário sugeriu que aumentaria a cobrança de impostos para reduzir o rombo trilionário das contas públicas. Como resultado, o Ibovespa fechou em queda livre, numa baixa de 1,40%, aos 119.936,02 pontos. Foi uma perda de 1.699,04 pontos, menor patamar desde 10 de novembro de 2023.
Já o dólar encerrou o dia com outra forte alta, cotado a R$ 5,43. Esse foi o maior nível em 17 meses, quando chegou a R$ 5,47 em 4 de janeiro de 2023 – justamente o período em que Lula foi empossado como presidente do Brasil no seu terceiro mandato.
A fala do mandatário petista envolveu o processo de “fritura” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Na noite de terça-feira (11), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolveu a Medida Provisória (MP) que restringia a compensação de créditos do PIS/Cofins. A medida seria uma contrapartida à perda de arrecadação com a desoneração da folha de pagamentos – e poderia aumentar a receita federal em R$ 29,2 bilhões.
A devolução representou mais uma dentre muitas derrotas de Haddad, cada vez mais isolado no governo. Porém, também é um fracasso do próprio presidente da República. Afinal, nem o Congresso, que costumava atender às demandas da gestão Lula no plano econômico, aceita mais discutir aumento de impostos.
Contas públicas apresentam irregularidades
No evento, o presidente jurou que o governo está “colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal”, mas que “não consegue discutir economia sem colocar a questão social na ordem do dia”.
Não é o que afirma o Tribunal de Contas da União (TCU), que identificou diversas irregularidades nas contas apresentadas pelo Executivo federal. A falta de transparência em setores específicos, gastos não justificados e despesas subestimadas são alguns dos problemas. Foram apontadas distorções de cerca de R$ 20 bilhões nas contas do governo Lula.
Além disso, um estudo técnico do TCU aponta que o Brasil está sendo asfixiado por duas contas. A primeira é o déficit na Previdência, que está piorando e já consome mais da metade das despesas primárias. Despesas essas que voltaram a crescer como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto a receita diminuiu.
Com isso, ficou menor também o espaço do governo para as despesas discricionárias, incluindo investimentos – que são justamente as que geram crescimento.
Quanto à área social, que Lula alega priorizar, na semana passada foram cortados R$ 5,7 bilhões em despesas básicas, como Farmácia Popular, Auxílio Gás, Farmácia Popular, obras em rodovias e Polícia Federal.