Os congressistas brasileiros gastaram R$ 1,2 milhão do dinheiro público com redes sociais no primeiro semestre de 2024, uma alta de 75% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo dados da Câmara dos Deputados, o Facebook recebeu a maior parte dos recursos destinados ao impulsionamento de publicações.
A plataforma da empresa Meta ganhou R$ 1,1 milhão, o que corresponde a 91% do total gasto.
Dos 23 partidos políticos presentes na Câmara dos Deputados, 15 investiram na divulgação de suas atividades parlamentares no Facebook neste semestre.
O partido com o maior gasto foi o Progressistas (PP), com um investimento de R$ 814 mil, em seguida está o Partido Social Democrático (PSD), com gastos de R$ 698 mil. O Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aparece em terceiro lugar, com investimento no Facebook de R$ 666 mil.
Com a maior bancada na Câmara dos Deputados, o Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, está em sexto lugar no ranking. Os conservadores investiram R$ 334 mil nestes primeiros seis meses do ano.
“Bancada da selfie”
Entre os parlamentares que mais investiram em impulsionamento estão os deputados Bruno Ganem (Podemos-SP), Marcelo Queiroz (PP-RJ) e Zeca Dirceu (PT-PR).
Ganem é o maior usuário, com investimento de R$ 30 mil mensais no Facebook para promover suas postagens.
Conhecido por seu ativismo em defesa dos animais, o deputado possui 1 milhão de seguidores no Facebook e 291 mil no Instagram. Conforme as notas fiscais apresentadas à Câmara, os pagamentos são descritos como um “conjunto de pedidos de inserção de anúncios na internet”, sem especificar detalhes sobre as postagens impulsionadas.
Em entrevista ao Poder360, Ganem explicou que utiliza os impulsionamentos para “aproximar o gabinete das pessoas, facilitando o diálogo e ouvindo suas demandas”. Ele acrescentou que a emissão das notas fiscais é realizada pela Meta, a controladora do Facebook.
Também questionado pelo portal, Queiroz destacou que o uso da cota para impulsionar postagens é legal e permitido. O deputado ressaltou que, em contrapartida, não inclui despesas com itens como locação de veículos ou escritórios em seu colégio eleitoral no Rio de Janeiro.
Por sua vez, o deputado Zeca Dirceu ressaltou que os custos de impulsionamento representam apenas R$ 0,0156 por pessoa, para atingir as 2,8 milhões de usuários alcançados pelas publicações nas redes sociais.
Os dados da Câmara dos Deputados e do Senado Federal mostram que os gastos com o Facebook têm crescido desde 2016.
Em 2023, os deputados investiram R$ 1,7 milhão em redes sociais. O Google e o X completam a lista de beneficiários. Esses valores são pagos por meio da cota parlamentar.
Com informações atualizadas até 31 de julho, o total de gastos no primeiro semestre de 2024 deve aumentar, já que os congressistas têm um prazo de até 90 dias para registrar todas as despesas.
A participação ativa dos parlamentares nas redes sociais tem alterado a rotina no plenário e, nos bastidores da Câmara, já é conhecida pelo apelido de “bancada da selfie”.