Demanda aumenta em agosto e supera produção nacional em queda

Demanda interna cresce devido ao aumento das importações, enquanto produção nacional mostra sinais de estagnação.

Por Redação Epoch Times Brasil
24/10/2024 15:40 Atualizado: 24/10/2024 15:40

A demanda por bens industriais no Brasil segue em alta, superando a produção nacional. De acordo com o Indicador Mensal de Consumo Aparente de Bens Industriais, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a média geral da demanda cresceu 0,6% em agosto de 2024 em relação a julho.

Esse aumento foi impulsionado pela alta de 3,0% nas importações de bens industriais, que compensou a queda de 0,4% na produção interna voltada ao mercado doméstico. O crescimento das importações está ainda em paralelo a uma tendência forte na alta do dólar.

O consumo aparente de bens industriais é composto pela soma da demanda na produção nacional e das importações. O crescimento de agosto marcou uma recuperação após a queda de 3,8% em julho, indicando um avanço de 4,8% no trimestre móvel encerrado em agosto.

Na comparação anual, o indicador subiu 5,8%. No acumulado dos últimos doze meses, registrou aumento de 3,0%, superando a elevação de 2,4% apontada pela Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF), do IBGE.

Os segmentos da indústria apresentaram desempenhos distintos. A demanda na indústria extrativa cresceu 19,5% em agosto, resultando em um avanço de 14,1% no trimestre móvel.

Já a indústria de transformação ficou estagnada na comparação mensal, mas cresceu 4,7% no trimestre móvel. Em termos interanuais, a indústria extrativa aumentou 25,2%, enquanto a transformação subiu 4,9%.

Entre os grandes grupos econômicos, houve um desempenho positivo generalizado, exceto pela demanda por bens de capital, que caiu 1,5%. O destaque foi para bens de consumo duráveis, que cresceram 1,9% em agosto e 22,6% no trimestre móvel.

Índice de difusão e setores em destaque

Dos 22 segmentos da indústria de transformação, doze registraram crescimento em agosto, elevando o índice de difusão para 54,5%, contra 40,9% em julho. Esse índice mede a porcentagem dos segmentos com crescimento na demanda em comparação ao período anterior.

Entre os setores de maior relevância, destacaram-se equipamentos de informática e máquinas e equipamentos, com altas de 3,2% e 2,6%, respectivamente.

No trimestre móvel, vinte dos 22 segmentos da indústria de transformação cresceram, com destaque para veículos automotores, que subiram 10,5%, e equipamentos de informática, que avançaram 9,1%. Em uma perspectiva interanual, dezessete segmentos cresceram em agosto, com destaque para informática (22,7%) e veículos automotores (16,8%).

Cenário de importações e produção nacional

A alta na demanda por bens industriais foi sustentada pelo aumento das importações. Em agosto, as importações de bens industriais cresceram 3,0%, enquanto a produção interna recuou 0,4%. Isso reflete uma dependência crescente de produtos importados para atender à demanda interna.

A produção industrial, medida pelo PIM-PF, teve um crescimento modesto de 0,1% em agosto, após ajuste sazonal.

A demanda interna por bens industriais acima da produção nacional pode pressionar a inflação, especialmente em um cenário de dependência crescente de importações.

Quando a demanda supera a oferta interna, os preços tendem a aumentar, impactando diretamente a inflação. 

Com a previsão de que a inflação pode voltar a atingir o limite máximo de 4,5%, esse desequilíbrio entre demanda e produção representa um risco adicional, podendo exigir ajustes na política monetária para conter a alta dos preços.