Defesa de “kid preto” afirma que ele está sendo usado de “bode expiatório” em tentativa de associar a unidade a um golpe de Estado

Por Redação Epoch Times Brasil
29/11/2024 15:12 Atualizado: 29/11/2024 15:12

A defesa do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, “kid preto”, membro das Forças Especiais do Exército, afirmou nesta sexta-feira (29) que ele está sendo usado como “bode expiatório” em uma tentativa de associar a unidade a um golpe de Estado.

Segundo alega a Polícia Federal, o esquema, batizado de “Punhal Verde e Amarelo”, tinha como objetivo assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Preso preventivamente no Rio de Janeiro desde a semana passada, Azevedo é acusado de integrar a trama ao lado de outros militares e do policial federal Wladimir Matos Soares. A operação, de acordo com a PF, visava impedir a posse do governo eleito em 2022.

O advogado de Azevedo, Jeffrey Chiquini, refutou as acusações, negando qualquer envolvimento do cliente no suposto plano.

“Ele não participou e sequer tinha conhecimento”, disse. “E se teve [o plano], não teve participação das Forças Especiais”, declarou o advogado.

“Seria a única ponta a incluir o Exército e Forças Especiais na trama. Por isso, ele é o bode expiatório”, completou.

Operação “Copa 2022” e o codinome “Brasil”

De acordo com as alegações da Polícia Federal, Azevedo teria desempenhado um papel central na operação “Copa 2022”, uma ramificação do plano principal que, segundo a PF, visava monitorar e atacar o ministro Alexandre de Moraes. 

Usando o codinome “Brasil”, ele teria se comunicado com outros membros do grupo através do aplicativo Signal, conhecido pela sua segurança e criptografia.

Ainda conforme a PF, o militar teria utilizado linhas telefônicas registradas em nomes de terceiros, além de trocar frequentemente de aparelhos e chips, supostamente para dificultar sua identificação. 

Um celular ligado à operação foi rastreado pelo número de série Imei 866876054007113, e, após o término da ação, Azevedo teria adotado um novo aparelho, registrado em seu próprio nome.

Negativa de delação premiada

Em seu depoimento de quatro horas à Polícia Federal, ocorrido ontem (28), Azevedo negou qualquer envolvimento com o Punhal Verde e Amarelo. 

O advogado do militar afirmou que seu cliente não considera firmar um acordo de delação premiada. “Nada de delação, que é coisa de culpado”, afirmou Chiquini.

Mesmo detido no âmbito da Operação Contragolpe, realizada em 19 de novembro, Azevedo não está entre os 37 indiciados por crimes como golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de Direito e organização criminosa.

Uma coletiva de imprensa foi convocada pelo advogado para esclarecer como a PF teria relacionado o tenente-coronel às Forças Especiais e aos eventos investigados.