Registros de geolocalização indicam que Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, esteve no Paraná e em Brasília no final de 2022. Os dados foram encaminhados pela operadora de telefonia Tim ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e foram anexados na quarta-feira (10) ao inquérito no qual Martins é investigado.
O escritório Schaffert Law, envolvido na defesa de Martins, confirmou a informação ao Epoch Times Brasil. O Epoch Times Brasil contatou também o STF para confirmação, mas o tribunal não cedeu informações devido à natureza sigilosa do inquérito.
Segundo os documentos, os registros cobrem o período de 30 de dezembro de 2022 a 9 de janeiro de 2023. Durante esse tempo, enquanto Bolsonaro esteve nos Estados Unidos com comitiva, Martins permaneceu no Brasil.
A prisão preventiva dos ex-assessor, detido desde fevereiro, baseava-se em sua estadia nos Estados Unidos entre o final de 2022 e o início de 2023, viajando junto de Bolsonaro sem registros adequados de saída do Brasil. A defesa alega que ele não viajou aos EUA com o ex-presidente, o que os dados cedidos pela Tim parecem corroborar.
Veja abaixo a data e o local de antenas às quais o celular de Filipe Martins se conectou no dia 31 de dezembro de 2022, de acordo com os documentos:
- 16h56m17s – Park Way, região administrativa de Brasília, a 10 km do aeroporto da capital federal.
- 19h56m44s – Jardim Alvorada, bairro de Maringá (PR).
Os horários e localidades coincidem com os horários de um voo para Curitiba que seus advogados afirmam que o ex-assessor realizou em 31 de dezembro de 2022. A Latam confirmou que Filipe Martins embarcou para a capital paranaense.
Segundo o advogado Sebastião Coelho, responsável pela defesa de Martins, o ex-assessor viajou de avião de Brasília a Curitiba e, em seguida, foi de carro para Ponta Grossa.
O escritório Schaffert Law disse ao Epoch Times Brasil que os dados cedidos pela Tim confirmam “1) que ele estava no Brasil, não nos EUA; 2) que ele fez exatamente o trajeto que disse ter feito”.
Entenda o caso
Martins foi preso preventivamente pela Polícia Federal (PF) em 8 de fevereiro, no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta conspiração para promover um golpe de Estado visando manter Bolsonaro no poder.
No pedido de prisão, a PF alegou que Martins viajou “sem realizar o procedimento de saída com o passaporte em território nacional” para “se furtar da aplicação da lei penal”. Neste cenário, o ex-assessor estaria foragido e apresentaria risco de fuga, justificando sua reclusão.
Desde a prisão, a defesa apresentou faturas de cartão de crédito com despesas em aplicativos no Brasil, mostrando recebimento de serviços via Uber e iFood, além de seu passaporte e informações do órgão responsável pela segurança fronteiriça dos Estados Unidos.