Um estudo do Departamento de Competitividade e Tecnologia (DECOMTEC), da FIESP, mostrou que o Custo Brasil representou um acréscimo médio de 24,1% nos preços dos produtos industrializados entre 2008 e 2022. Isso coloca as empresas brasileiras em desvantagem frente aos principais concorrentes internacionais.
O Custo Brasil, que inclui diversos fatores que encarecem a produção industrial, é visto como um dos maiores entraves para a competitividade da indústria de transformação. Ele abrange alta carga tributária, juros elevados, infraestrutura deficiente, burocracia e preços altos de insumos como energia e matérias-primas.
O relatório aponta que a carga tributária é o principal componente, respondendo por 51% do total. O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo, acima da média de muitos países, o que aumenta o preço dos produtos e encarece o processo de produção devido à complexa burocracia tributária.
Outro fator importante é o custo do capital de giro, que representa 23% do total. Os juros continuam altos devido a baixa quantidade de poupança, o que encarece os empréstimos. Isso obriga as empresas a usarem recursos próprios ou buscar crédito com juros elevados.
O preço da energia elétrica também pesa sobre a competitividade das indústrias. O Brasil tem um dos custos mais altos de energia para a indústria em comparação com outros países, impactando setores que dependem fortemente de energia.
A infraestrutura logística do Brasil é outro gargalo. O país tem uma das piores classificações no Índice de Competitividade Mundial no quesito eficiência de distribuição de bens. Esse fator contribui com 1,3% do Custo Brasil, refletindo altos custos e ineficiência no transporte interno de mercadorias.
A burocracia também é um problema. O tempo para preparar e pagar tributos no Brasil é 10,4 vezes maior do que nos países comparados, gerando um custo adicional de 0,72% no faturamento das indústrias. Além disso, as empresas precisam suprir, com recursos próprios, deficiências em serviços públicos, como saúde e previdência.
O relatório comparou o Brasil com 15 países, incluindo China, Estados Unidos e Alemanha. Nessas nações, os custos com tributos, juros e infraestrutura são muito menores, o que coloca o Brasil em desvantagem competitiva.
Para melhorar a competitividade, o DECOMTEC recomenda reformas estruturais. A reforma tributária é crucial para reduzir a carga de impostos e simplificar o sistema. Políticas que reduzam juros e incentivem investimentos em infraestrutura também são necessárias. Sem essas mudanças, o Custo Brasil continuará a prejudicar a competitividade das empresas brasileiras.
O estudo também destaca a necessidade de investimentos em inovação e tecnologia para aumentar a produtividade. A modernização tecnológica e a qualificação da mão de obra são essenciais para que o Brasil possa competir com as principais economias globais. Porém, o ambiente de negócios atual ainda não incentiva adequadamente o investimento privado em inovação, o que agrava a situação.