As queimadas em áreas florestais no Brasil têm aumentado significativamente em 2024, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A paralisação de funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e os cortes drásticos no orçamento da instituição têm levantado preocupações sobre a proteção ambiental e a preservação da biodiversidade no país para especialistas do setor.
Em 2024, estavam previstos R$62,5 milhões para ações de prevenção e controle de incêndios florestais para o Ibama. No entanto, houve uma redução de 19,6% no orçamento, resultando em R$50,2 milhões para a instituição.
Este corte – que ocorreu em meio a um bloqueio geral no orçamento federal – impactou a capacidade do Ibama em combater o desmatamento e as queimadas, especialmente durante a temporada seca, entre maio e novembro.
Em comparação, no ano anterior, o Ibama aplicou R$ 89,3 milhões nessas ações, 70% a mais do que o valor disponível para 2024.
A redução orçamentária coincide com uma paralisação dos servidores do Ibama, que demandam melhores condições de trabalho e reestruturação da carreira. Este movimento, que já dura três meses, tem afetado a fiscalização ambiental e o licenciamento de grandes projetos, aumentando o risco de desmatamento e incêndios florestais em áreas sensíveis como a Amazônia e o Cerrado.
Especialistas em meio ambiente alertam que a falta de ação eficaz contra os incêndios pode levar a consequências devastadoras para a biodiversidade e o clima. Paulo Moutinho, pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), destacou em entrevista recente que “o desmonte das políticas ambientais e a falta de fiscalização tornam o cenário ainda mais preocupante, pois as queimadas não controladas aceleram a degradação ambiental e contribuem significativamente para as emissões de gases de efeito estufa”.
Além disso, a opinião pública tem mostrado crescente preocupação com a gestão ambiental do governo. Movimentos sociais e ONGs têm se mobilizado para pressionar por uma resposta mais robusta e adequada às crises ambientais, argumentando que a preservação dos recursos naturais é crucial para o desenvolvimento sustentável do país.