Por Italo Toni Bianchi, Terça Livre
Na esteira do discurso do presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto e durante tradicional transmissão pelo Facebook, nesta semana, a imprensa em outros países repercute a fala do Chefe de Estado brasileiro fazendo menção de uma crise de abastecimento global. Ele chegou a citar o exemplo de Portugal, que sofre com uma crise inflacionária, situação parecida com a vivida pela Inglaterra, que chegou a registrar desabastecimento.
“Tem uma menina de Juiz de Fora (cidade de Minas Gerais), que está em Portugal, que tem mandado uns vídeos para mim (…) em supermercados, em postos de gasolina, mostrando como está a situação crítica lá em Portugal também. […] Essa crise é no mundo todo, não é só no Brasil”, frisou Jair Bolsonaro, que teve a fala repercutida em veículos de imprensa portugueses.
A crise energética que a China enfrentará, oriunda da falta de carvão, pode afetar a cadeia produtiva brasileira se os fertilizantes produzidos pelo país oriental ficarem mais caros. O governo brasileiro trabalha soluções internas para o problema.
“Eu vou avisar um ano antes: por questão de crise energética, a China começa a produzir menos fertilizantes. Já aumentou de preço, vai aumentar mais e vai faltar. A cada cinco pratos de comida no mundo, um sai do Brasil. Vamos ter problemas de abastecimento no ano que vem”, declarou Bolsonaro, durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília.
Das 31 províncias da China continental, 16 já têm enfrentado um racionamento de energia que afeta uma área que representa dois terços da produção econômica do país. A crise é gerada pela aliança de políticas de redução das emissões de CO2, embates geopolíticos e problemas nos estoques de carvão.
A Europa provavelmente sofrerá com a falta de Gás Natural Liquefeito (GNL), sobretudo se houver um inverno rigoroso na região. O preço já subiu quase 500% em relação ao ano passado e o valor atualmente negociado atinge recordes. Os altos custos afetarão também produtores agrícolas e preços dos fertilizantes, o que implicará riscos inflacionários. Ao mesmo tempo, o aumento no valor da energia elétrica tem obrigado fornecedores do gênero alimentício a fecharem as portas e gerado instabilidade no abastecimento.
Na Ásia, o encarecimento da matéria poderá afetar a produção de cimento, vidro e fabricantes de cerâmica chinesa, que tendem a responder à crise aumentando os preços, além de fazer com que os preços do alumínio e do aço disparem, uma vez que os estoques de gás podem não dar conta da demanda, mesmo com o país importando mais do produto que no último ano. Economias que não podem pagar pelo combustível – como Paquistão ou Bangladesh – podem entrar em colapso e simplesmente parar.
“Temos uma enorme demanda de todos os nossos clientes e, infelizmente, não podemos atender a todos”, alertou Saad Al-Kaabi ministro da Energia do Catar.