O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central, informou que o crédito no Brasil acelerou moderadamente desde o início de 2024. O relatório destaca o aumento da busca por empréstimos por famílias e empresas, acompanhadas pelo maior apetite ao risco das instituições financeiras. A ata alerta para o comprometimento de renda e o endividamento em níveis historicamente elevados
O documento aponta aumento do crédito às pessoas físicas em todas as modalidades, com destaque para o financiamento de veículos. O Comitê alerta para o elevado endividamento das famílias e o comprometimento de renda preocupante. Apesar disso, a leve piora na qualidade do crédito não resultou em aumento significativo de riscos até o momento.
Para as empresas, o crédito também cresceu, especialmente entre as grandes, que têm buscado o mercado de capitais como fonte de financiamento. Pequenas e médias empresas também demandam crédito, sem mudanças significativas nos critérios de concessão. O Comef aponta que o risco entre essas empresas está estável, mas o setor rural registra aumento nos riscos de inadimplência.
Instituições financeiras mostram maior apetite ao risco
O relatório também aponta o aumento do apetite ao risco das instituições financeiras, relacionado ao crescimento do crédito e ao maior endividamento das famílias. O Comef alerta que é crucial manter a qualidade das concessões para evitar riscos ao sistema financeiro.
Apesar desse aumento, o Sistema Financeiro Nacional (SFN) mantém capitalização e liquidez acima dos níveis prudenciais, suficientes para absorver perdas em cenários adversos. Testes de estresse do Banco Central confirmam a resiliência do SFN, mas o maior impacto seria em caso de uma crise de confiança no regime fiscal.
Riscos globais e cenário externo
O relatório também aborda o cenário econômico internacional, destacando a resiliência do sistema financeiro global, apesar da desaceleração em grandes economias. A volatilidade nos mercados, especialmente nos Estados Unidos, e os problemas no setor imobiliário corporativo seguem sob atenção. Na China, a queda da rentabilidade bancária e a contração no setor imobiliário geram preocupações.
O Comef destaca que o Brasil tem se mostrado resiliente diante do cenário externo, com baixa exposição ao risco cambial e menor dependência de financiamento externo. O Comitê reforça a importância de políticas macroeconômicas que aumentem a previsibilidade fiscal e reduzam a volatilidade dos ativos.