O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil anunciou em uma nota na quarta-feira (31) manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,50% ao ano. A decisão de não alterar a taxa, que já se encontra em um patamar elevado, foi influenciada por uma série de fatores econômicos e se traduz em diversos impactos para a economia brasileira e para o dia a dia dos cidadãos.
Para a população, a manutenção de uma taxa Selic elevada afeta diretamente o custo do crédito. Com juros mais altos, financiamentos, empréstimos e o uso do cartão de crédito ficam mais caros, o que pode desestimular o consumo e impactar negativamente o crescimento econômico. Isso é especialmente relevante em um contexto em que muitas famílias brasileiras já enfrentam um elevado nível de endividamento.
Por outro lado, para os investidores, a alta da Selic pode ser benéfica, pois eleva os rendimentos de aplicações financeiras atreladas à taxa de juros, como CDBs, títulos públicos e outros investimentos de renda fixa. Isso pode atrair mais recursos para essas modalidades de investimento, em detrimento de ativos de maior risco, como ações.
A taxa de juros alta também tem implicações para o governo, que vê seu custo de captação aumentar. Isso se reflete no aumento do serviço da dívida pública, que pode limitar a capacidade do governo de investir em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura. Além disso, pode restringir a capacidade do governo de implementar políticas de estímulo econômico, necessárias em períodos de crescimento fraco.
Por que a alta da Selic é necessária?
A manutenção da Selic está alinhada com o objetivo do Banco Central de controlar a inflação, que é o aumento generalizado e contínuo dos preços de bens e serviços.
No Brasil, a meta de inflação é definida pelo Conselho Monetário Nacional e, para 2024, está fixada em 3,5%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Apesar dos impactos adversos no curto prazo, a manutenção de uma Selic elevada é considerada uma medida necessária para garantir a estabilidade econômica a longo prazo. A inflação elevada corrói o poder de compra da moeda, afeta desproporcionalmente as camadas mais vulneráveis da população e gera incerteza econômica, o que desestimula o investimento e o crescimento econômico sustentável.
Nos últimos meses, a inflação tem mostrado sinais de estabilização, mas ainda permanece acima do centro da meta e com expectativas constantes de aumento. A manutenção de uma taxa de juros elevada é uma estratégia utilizada pelo Banco Central para conter a demanda, reduzindo o consumo e o investimento, o que, por sua vez, ajuda a controlar a alta dos preços.
Além disso, o cenário global de incertezas, marcado por tensões geopolíticas e flutuações nos preços de commodities, adiciona um grau de cautela às decisões de política monetária. Manter a Selic elevada também visa evitar uma desancoragem das expectativas de inflação, que poderia comprometer a credibilidade do Banco Central e dificultar ainda mais o controle dos preços.
O Banco Central destacou que continuará monitorando de perto os indicadores econômicos e as expectativas de inflação, e que está preparado para ajustar a política monetária conforme necessário. A instituição reforçou seu compromisso com a meta de inflação e a estabilidade macroeconômica, sinalizando que a taxa Selic permanecerá em patamares elevados enquanto for necessário para assegurar o controle dos preços.