Adriana Vargas, coordenadora técnica do PCS Lab Saleme, foi presa no último domingo (20) em sua casa, em Belford Roxo, Rio de Janeiro. A detenção ocorreu após a confirmação de falhas graves nos testes de HIV do laboratório, que infectaram seis pacientes transplantados.
Essa prisão faz parte da segunda fase da Operação Verum, da Polícia Civil, que investiga irregularidades nos exames. Segundo as autoridades, a negligência no controle de qualidade foi fundamental para os erros que resultaram nas infecções.
Funcionários relataram às autoridades que Adriana alterou o protocolo de checagem de antígenos. A prática, que deveria ser diária, passou a ser semanal. Essa mudança comprometeu a eficácia dos testes e os tornou vulneráveis a falhas.
O PCS Lab Saleme emitiu laudos com resultados falsos negativos em dois casos, permitindo a transmissão do HIV. Adriana era responsável pelo controle de qualidade dos reagentes.
Além da prisão de Adriana, a polícia cumpriu um mandado de busca contra Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, sócio do laboratório e primo do deputado federal Luiz Antônio de Souza Teixeira Júnior, conhecido como Doutor Luizinho (Progressistas).
Durante o processo licitatório que resultou na contratação do laboratório, Luizinho ocupava o cargo de secretário de Saúde do Rio, de janeiro a setembro de 2023. O contrato firmado pela Fundação Saúde do Rio de Janeiro em dezembro de 2023, tinha duração de 12 meses e um valor total de R$ 11.479.459,07.
Mandados de busca também foram cumpridos contra um ex-sócio da empresa. Ambos foram ouvidos na delegacia e, em seguida, liberados.
Entenda o caso
Seis pessoas no Estado do Rio de Janeiro testaram positivo para HIV após receberem órgãos transplantados. O laboratório PCS Lab Saleme, localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi o responsável pelos exames dos doadores.
Segundo as investigações, dois doadores, que na verdade eram soropositivos, tiveram resultados negativos para HIV nos laudos emitidos pelo laboratório. Entre os transplantes realizados estavam rins, fígados, corações e córneas.
Iniciada em setembro deste ano, a investigação da Secretaria Estadual de Saúde do Rio, levou à interdição do PCS Lab Saleme, que atendia mais de 10 unidades de saúde.
As investigações apontam que os suspeitos podem ter cometido diversos crimes, incluindo falsificação de documentos particulares, falsidade ideológica e infrações sanitárias.
Além disso, eles são acusados de associação criminosa e de violar as relações de consumo, conforme previsto no art. 7º, inciso VII da Lei 8.137/90.