O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, marcou presença em uma cerimônia especial no Congresso Nacional nesta terça-feira (2), pela primeira vez desde a cassação de seu mandato como deputado federal em 2005. Dirceu, que é do Partido dos Trabalhadores (PT) e foi condenado e preso por corrupção no escândalo do Mensalão, proferiu um discurso no Senado em homenagem aos 60 anos do golpe militar de 1964.
Foi o Senador Randolfe Rodrigues, líder do governo Lula no Congresso, quem convidou Dirceu para estar presente no evento.
Em seu discurso, o petista disse que quase não aceitou o convite de Randolfe, mas reconsiderou pela memória de João Goulart, ex-presidente de extrema-esquerda deposto do poder em 1964.
“Quase não aceitei [o convite] porque, desde a madrugada de 1º de dezembro [de 2005], quando a Câmara dos Deputados cassou o mandato que o povo de São Paulo tinha me dado pela terceira vez, eu nunca mais voltei ao Congresso Nacional. Mas acredito que João Goulart merecia e merece a minha presença hoje aqui”, afirmou Dirceu.
O ex-guerrilheiro, co-fundador do Partido dos Trabalhadores (PT), aproveitou a ocasião para advogar por uma “revolução social”. Ele argumentou que Goulart foi deposto do cargo de presidente por “defender a classe trabalhadora”. Além disso, afirmou que a democracia no Brasil está ameaçada apenas pela ausência de uma revolução social.
“Nós tivemos depois a campanha das Diretas. E a Constituinte, que foi marcada pela presença popular. Digo isso para repor a história. O nosso povo resiste, luta. Se temos democracia, é por isso. Como a extrema direita e o conservadorismo cresceram no mundo todo, inclusive na América do Sul, é preciso recolocar que a luta política e social é que faz a lei. Por isso, nós lembramos de 1964”, afirmou Dirceu.
Em uma entrevista ao portal UOL, Dirceu admitiu que não descarta uma futura candidatura.
“Em 2025, o PT tem seu congresso, que vai mudar sua direção, vai fazer um balanço dos últimos anos. Depois, no segundo semestre de 2025, eu vou avaliar se sou candidato. Participar da vida política do país eu sempre participei”.
Preso e condenado no escândalo do Mensalão
A trajetória política de Zé Dirceu é marcada por diversas prisões em decorrência de várias acusações. No total, ele acumula quatro passagens pela cadeia. Foi preso no escândalo do mensalão, em 2013, em 2015, desta vez relacionado à Operação Lava Jato e novamente em 2019. Além disso, foi preso em 1968, quando era líder de um movimento estudantil contrário ao regime militar.