Como o horário de verão pode impactar a economia de energia

A medida busca aliviar o sistema elétrico, mas sua real eficácia é questionada e superestimada.

Por Redação Epoch Times Brasil
23/09/2024 11:00 Atualizado: 23/09/2024 11:00

O horário de verão tem sido recomendado como forma de reduzir o consumo de energia no Brasil, especialmente durante crises hídricas e picos de demanda. No entanto, há questionamentos sobre sua real eficácia ou se seus benefícios são superestimados.

A proposta de retomar o horário de verão, reavaliada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), é considerada uma ferramenta útil para aliviar a pressão no sistema elétrico, evitando o uso de usinas termelétricas, que produzem energia a custos mais elevados.

O horário de verão consiste em adiantar o relógio em uma hora, aproveitando melhor a luz natural do fim do dia e diminuindo a necessidade de iluminação artificial.

A principal razão para o horário de verão é reduzir o consumo de energia no “horário de pico”, entre 18h e 21h, quando a demanda aumenta devido ao uso de eletrodomésticos, iluminação e climatização. Ao adiantar o relógio, esse período coincide com a luz solar, diminuindo a necessidade de eletricidade.

Impacto sobre o consumo de energia

Estudos indicam que, embora a economia gerada pelo horário de verão para o consumidor individual seja modesta, cerca de 4 a 5%, seus efeitos coletivos são significativos, especialmente em períodos de escassez hídrica.

“Para o consumidor final, o horário de verão não gera economia. No primeiro momento, ele vai ter necessidade de usar esta energia no início do dia, quando está escuro”, explica o engenheiro eletricista e ex-conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), Jovanilson Freitas ao portal Metrópoles.

O especialista em Clima e Meio Ambiente, Pedro Côrtes, lembra que, com o horário de verão, “quando saímos das empresas, encontramos ainda o dia claro, o que reduz a necessidade do uso de iluminação artificial nas residências”.

O horário de verão pode reduzir a demanda por energia de fontes caras e poluentes, como as termelétricas, acionadas em momentos de alta demanda.

O horário de verão também favorece o uso de fontes renováveis, como a solar. Ao prolongar a luz do dia, aumenta-se o aproveitamento da energia solar nos períodos de maior demanda, reduzindo a dependência de outras fontes de energia.

Debates sobre a eficácia

A eficácia do horário de verão na economia de energia é debatida. Estudos mostram que, ao longo dos anos, a economia diminuiu devido a mudanças nos hábitos de consumo e ao aumento do uso de aparelhos como ar-condicionado, que consomem mais energia, especialmente em dias mais quentes.

Com o aumento das temperaturas, o consumo de eletricidade pode, em alguns casos, ser deslocado para o início da manhã, o que neutraliza parte dos ganhos obtidos com a redução no consumo à noite.

Mesmo assim, muitos especialistas consideram o horário de verão uma solução complementar, embora não definitiva, para aliviar a infraestrutura energética. Em tempos de crise, como a atual escassez hídrica, o retorno da medida é visto como viável, especialmente quando combinada com outras políticas de eficiência energética.