O desempenho dos estudantes brasileiros em matemática e ciências está abaixo da média internacional. É o que revela o Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (TIMSS 2023), publicado na quarta-feira (4).
Participando pela primeira vez da avaliação, o Brasil teve resultados considerados preocupantes tanto no 4º quanto no 8º ano do ensino fundamental. O país se posicionou entre os últimos países no ranking mundial, superando apenas alguns poucos países como Marrocos, Kuwait e África do Sul.
Resultados de matemática: Cenário alarmante
O desempenho dos alunos brasileiros do 4º ano em matemática foi particularmente alarmante. Segundo o estudo, 51% dos estudantes não atingiram o nível básico de conhecimento matemático.
Na média internacional, apenas 9% dos alunos estão nessa situação. A média de proficiência em matemática do Brasil foi de 400 pontos — o mínimo de pontos para ser considerado “ruim” — contra uma média internacional de 503 pontos. Isso equivale a um atraso de aproximadamente três anos letivos em relação aos demais países.
Além disso, apenas 1% dos estudantes brasileiros conseguiram atingir o nível mais alto de proficiência.
No 8º ano, os dados continuam desalentadores. Com uma média de 378 pontos, os estudantes brasileiros estão muito abaixo da média internacional, que é de 478 pontos.
Cerca de 62% dos alunos do 8º ano não conseguiram atingir o nível mínimo em matemática. Em outros países, esse valor foi de apenas 19%.
Resultados de ciências: Desempenho insuficiente
Em ciências, os resultados também demonstram grandes desafios. No 4º ano, a média dos estudantes brasileiros foi de 425 pontos, abaixo da média internacional de 494 pontos.
Aproximadamente 39% dos estudantes não alcançaram o nível básico de proficiência em ciências. No 8º ano, os resultados foram semelhantes, com a média brasileira de 420 pontos comparada à média internacional de 478 pontos.
Ao todo, 42% dos estudantes do 8º ano não atingiram o nível básico em ciências, enquanto apenas 1% alcançaram o nível mais alto.
Disparidades regionais
O estudo destaca que o desempenho dos estudantes brasileiros varia de acordo com o contexto socioeconômico, a localização das escolas e o tipo de administração (municipal, estadual ou privada).
Escolas privadas apresentaram desempenho significativamente superior, com médias em torno de 470 pontos. As escolas municipais e estaduais ficaram muito aquém, abaixo dos 400 pontos em muitas regiões.
As diferenças regionais também são expressivas. As regiões Sul e Sudeste tiveram médias de proficiência melhores do que o Norte e o Nordeste, que foram as regiões com as médias mais baixas do país.
Por exemplo, o estado do Rio Grande do Sul apresentou uma média de 455 pontos em matemática, enquanto estados como Amapá e Tocantins ficaram em torno de 336 pontos. Isso evidencia as disparidades regionais no acesso à educação de qualidade.
Fatores contextuais e ambiente escolar
Além dos testes de proficiência, foram aplicados questionários para avaliar o impacto dos contextos domésticos, escolares e de sala de aula no desempenho dos estudantes.
Esses questionários indicaram que fatores como o nível socioeconômico das famílias, a estrutura das escolas e a formação dos professores têm influência direta sobre o desempenho dos estudantes.
Alunos de escolas urbanas apresentaram melhores resultados do que aqueles de escolas em áreas rurais.
Impacto na formação e futuro dos estudantes
O baixo desempenho em matemática e ciências não afeta apenas o desenvolvimento acadêmico dos estudantes, mas também sua formação integral e as oportunidades futuras no mercado de trabalho.
Com habilidades limitadas nessas áreas, os estudantes brasileiros enfrentam uma barreira significativa para ingressar em carreiras que exigem raciocínio lógico e conhecimento científico, como engenharias, tecnologia e ciências aplicadas.