Um grupo de cientistas e especialistas brasileiros divulgou um manifesto contrário à possível reimplantação do horário de verão no país. O documento foi assinado por profissionais das áreas de biologia e medicina do sono, que alertam para os possíveis impactos negativos da medida na saúde da população.
Segundo os signatários, o horário de verão interfere nos ritmos circadianos – o ciclo biológico de 24 horas que regula o sono e outros processos corporais – podendo provocar distúrbios como insônia, fadiga, irritabilidade e menor rendimento no trabalho.
O manifesto afirma que o principal argumento histórico para o uso do horário de verão, a economia de energia elétrica, não se sustenta mais atualmente.
Estudos recentes apontam que o impacto na economia de energia tem sido marginal, especialmente com a evolução tecnológica e a maior eficiência dos sistemas de iluminação modernos, como lâmpadas de LED.
Os cientistas também ressaltam que a mudança no horário pode afetar a saúde mental da população. A privação de sono e o desalinhamento do ciclo circadiano são indicados como fatores que podem aumentar estresse, depressão, ansiedade e elevar os riscos de doenças crônicas, como hipertensão, obesidade e diabetes.
A situação é vista como preocupante em um contexto de desafios à saúde pública decorrentes da pandemia de COVID-19, agravando problemas de bem-estar físico e psicológico.
Além dos impactos à saúde individual, o manifesto destaca possíveis efeitos sociais, como o aumento de acidentes de trânsito e no trabalho, resultantes da sonolência causada pela alteração nos padrões de sono.
A medida também teria impacto desproporcional em algumas regiões do país, especialmente no norte, onde a variação da luz natural ao longo do dia é menos significativa em comparação ao sul.
Os defensores da não adoção do horário de verão apontam que a mudança no relógio tem efeito limitado sobre a economia em setores como o comércio e o turismo. Com o avanço da tecnologia e do trabalho remoto, o impacto do horário de verão sobre essas atividades se reduziu.
A discussão sobre a volta do horário de verão ganhou força em 2024, após a proposta ser avaliada pelo governo federal, que considerou a prática para enfrentar os desafios energéticos decorrentes da crise hídrica em algumas regiões do Brasil. O governo ainda não tomou uma decisão final sobre o tema.