Nesta sexta-feira (13), durante uma coletiva de imprensa, a porta-voz do Ministério das relações exteriores da China, Mao Ning respondeu às críticas feitas pelo presidente ucrâniano, Volodymyr Zelensky, quanto à proposta conjunta de Brasil e China para uma resolução de paz para guerra na Ucrânia.
“A China e o Brasil propuseram os seis entendimentos comuns para tratar de uma prioridade urgente, que é a redução da escalada da situação. Os entendimentos comuns enfatizam que todas as partes relevantes precisam observar três princípios para diminuir a escalada da situação, ou seja, nenhuma expansão do campo de batalha, nenhuma escalada dos combates e nenhuma provocação de qualquer parte. ” afirmou ela.
Zelensky disse durante entrevista ao jornal Metrópole, nesta quarta-feira (11), que “A proposta de China e Brasil é destrutiva. É apenas uma declaração política.”
“A Ucrânia tem que fazer concessões. Que concessões? Que renunciemos às nossas terras? Que esqueçamos que estão matando nosso povo?”, afirmou ele.
Zelenski complementou dizendo que Brasil e China resolveram fazer sua própria proposta de paz mas que nada havia sido perguntado à Ucrânia e que então a “Rússia aparece e diz que apoia a proposta de Brasil e China.”
“Infelizmente, eu acredito que eles [governo do Brasil] apoiam a Rússia.”
“Se ele [Lula] tivesse nos apoiado, ele teria ajudado a parar a guerra”, acrescentou ele.
A proposta conjunta entre Brasil e China foi assinada em maio deste ano, gerando várias repercussões principalmente por conta da aproximação da China tanto com a Rússia, quanto o Brasil, nos últimos anos.
AUMENTAM LAÇOS ENTRE BRASIL E CHINA
Esse ano marca os 50 anos das relações entre Brasil e China e a colaboração entre os dois países tem se tornado cada vez mais próxima com vários acordos de colaboração tendo sido assinados este e representantes de ambas as nações prometendo estreitar ainda mais esses laços.
Nesta quinta-feira (12), durante um Fórum de segurança entre representantes dos BRICS que está acontecendo na Rússia essa semana, Celso Amorim, conselheiro especial do presidente do Brasil, e Wang Yi, o ministro das relações exteriores da China, tiveram uma reunião onde o chanceler chinês afirmou que “A China está pronta para impulsionar ainda mais a colaboração estratégica com o Brasil, melhorar a confiança política mútua, alargar a cooperação mutuamente benéfica e elevar os laços bilaterais a novos patamares”.
Isso acontece enquanto tropas chinesas foram convidadas pela primeira vez para participar de exercícios militares em solo brasileiro que tiveram início no dia 4 e vão até o dia 17.
A participação da China nos exercícios especiais reforça o que poderia ser uma escalada nos interesses de colaboração militar entre os dois países.
Em junho deste ano, a empresa estatal chinesa China North Industries Corporation (Norinco) demonstrou interesse em adquirir 49% das ações da Avibras Aeroespacial, principal fabricante de sistemas de defesa pesada do Brasil. A Norinco foi listada pelo governo americano como uma emergência de segurança nacional sendo considerada parte do aparato militar chinês, ajudando na facilitação de violações de direitos humanos na China, segundo o governo americano.
APOIO CHINÊS À RÚSSIA
O regime chinês tem sido acusado constantemente de apoiar os avanços russo durante a guerra.
Em uma cúpula recente da OTAN a China foi acusada de ser um “facilitador decisivo” da Rússia na guerra da Ucrânia devido ao seu “apoio em larga escala à base industrial de defesa da Rússia.”
Há poucos dias o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, reforçou o pedido à China para que ela deixasse de apoiar a Rússia.
“É a China que permite a produção de muitas das armas que a Rússia usa”, disse Stoltenberg em uma coletiva de imprensa no dia 6 de setembro.
O Partido Comunista Chinês (PCC) rejeitou a crítica de ser um “facilitador” se posicionando como um participante neutro durante a guerra, que começou em 24 de fevereiro de 2022.
Poucas semanas do início da guerra, no entanto, os dois países assinaram um acordo para uma parceria “sem limites” entre China e Rússia.
A China é acusada ainda por países ocidentais, de estar enviando máquinas-ferramentas, chips e outros materiais de uso civil e militar para ajudar a reconstruir o setor de defesa de Moscou.
Além de seu apoio a economia da Rússia através da compra de petróleo e outros produtos. De acordo com os dados alfandegários da China, o comércio bilateral entre os dois países atingiu o recorde histórico de US$240,1 bilhões no ano passado, um aumento de 25% em relação ao ano anterior.