Principal parceira comercial do Brasil, a China se reafirma no comércio bilateral sino-brasileiro. No primeiro semestre deste ano, o país asiático foi destino de 25% das exportações brasileiras, um recorde histórico na relação entre ambas as nações emergentes.
Soja, minério de ferro e petróleo foram os principais impulsionadores das importações chinesas do Brasil, que alcançaram a marca de US$ 26,9 bilhões entre janeiro e junho, uma expansão de 36% comparada ao mesmo período do ano passado. Quase o dobro do crescimento médio das vendas brasileiras para o resto do mundo, de 19%.
Os chineses compraram mais produtos brasileiros que os outros três principais compradores do Brasil somados: Estados Unidos, Argentina e Holanda, nesta ordem decrescente.
Há exatos dez anos, a participação chinesa nas exportações brasileiras correspondia a 6,7%, enquanto os EUA ainda se mantinham líderes, com 16,4%.
A posição foi logo perdida pelos americanos com a contínua ascensão da segunda maior economia do mundo. De 2004 a 2011, o comércio bilateral Brasil-China saltou de US$ 9,1 bilhões para US$ 56,3 bilhões, um crescimento superior a 600%.
No início do século, no entanto, os EUA consumiam mais de um quarto das exportações do Brasil, a maior fatia na compra de bens brasileiros já exercida por um país.
A grande diferença é que os americanos eram clientes majoritariamente de produtos manufaturados, enquanto os chineses continuam preferindo commodities, apesar das promessas de aumentar suas importações de produtos de valor agregado. Ao contrário dos bens manufaturados, os preços de matérias-primas e alimentos possuem grande flutuação.
Êxito ou risco?
Este crescimento desequilibrado da parceria de negócios com a China tem sido a principal queixa de fabricantes no Brasil, com mais de 50% deles tendo registrado perdas de mercado para o gigante asiático, segundo a NTD Television. Uma contradição com as justificativas das gestões Lula e Dilma para tais acordos, de que gerariam milhares de empregos para os brasileiros.
Se é verdade que dificilmente se encontraria um mercado consumidor que atendesse tamanha demanda de produtos não industrializados ─ 45% da soja comprada pelos chineses de janeiro a maio é brasileira, além de 21% do minério de ferro, o que já torna o Brasil o sétimo maior exportador para a China ─ uma rede de parceiros comerciais pouco diversificada configura, por si só, uma ameaça expressiva.
Além da instabilidade natural da cotação das commodities, a aposta massiva num único parceiro e que já vem dando sinais de desaceleração representa um risco notável para as exportações do Brasil, um dos raros saldos positivos da economia brasileira este ano.
Com tal grau de envolvimento comercial, além de impactante para as exportações, uma crise chinesa derrubaria os preços das commodities, obrigando o o produtor brasileiro a vender menos e mais barato.
Não por acaso, uma acentuada retração econômica na China foi recentemente apontada pelo Fundo Monetário Internacional como um dos principais perigos externos para o Brasil, só perdendo para uma crise global.
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